Há mais de um século atrás a arqueologia científica estava presa nas teias do colonialismo. Ao redor do globo, nações extraiam recursos culturais de locais distantes – mais frequentemente em comunidades indígenas – para tecer histórias, construir museus, e arrecadar prestígio e poder para acadêmicos e suas instituições. Nos anos setenta, ativistas indígenas e seus aliados começaram a criticar esse modelo e a propor alternativas que empoderavam comunidades locais para controlar seu próprio patrimônio. Uma das ideias mais importantes desse movimento foi a de arqueologia colaborativa, que defende um compartilhamento equiparado do passado entre cientistas e membros das comunidades. A colaboração gerou novas possibilidades radicais para a arqueologia. Entretanto, chegamos a um momento importante, no qual temos que considerar como a colaboração corre o risco de reforçar estruturas de poder colonialistas, quando é praticada como um meio e não como um fim. Colaboração em arqueologia não é uma solução para o colonialismo, mas uma ferramenta que comunidades e acadêmicos podem usar para concretizar a busca da disciplina por um futuro pós-colonial.
O rio Solimões foi um dos principais caminhos por onde passaram os primeiros viajantes europeus que conheceram a Amazônia. Nos séculos XVI e XVII, expedições atravessaram esse rio junto a cronistas que, além das paisagens, descreveram as diversas e distintas populações indígenas que habitavam suas margens. O presente trabalho preliminar discute essas fontes históricas referentes ao médio curso do rio Solimões pela perspectiva pouco aprofundada da arqueologia. Para realizar a discussão serão apresentadas as principais fontes da época, seus contextos de produção e as problemáticas envolvidas em sua análise. Depois, serão abordadas as descrições realizadas sobre os grupos indígenas do Médio Solimões no século XVI e XVII. Então, serão elencadas análises possíveis das crônicas no levantamento de informações contextuais arqueológicas, sobre padrões de assentamento, práticas e produtos, e redes de trocas. Por fim, serão traçadas as potencialidades de uma arqueologia documental no tratamento dessas fontes para a pesquisa arqueológica e para a pesquisa histórica.
O conceito de longa duração de Fernand Braudel configura-se como uma das ideias centrais do movimento feito, nos últimos trinta anos, por parte da Arqueologia brasileira, sobretudo a amazônica, de aproximação com a História e com os povos indígenas. Este artigo revisa produções bibliográficas arqueológicas traçando a trajetória que leva determinadas pesquisas a se reivindicarem como construtoras de Histórias Indígenas de longa duração. Por meio das leituras foi possível perceber que a utilização desse conceito, integrado à luta indígena pelos seus direitos, bem como renovações do fazer historiográfico e arqueológico, permitiram uma expansão desse movimento e a criação de abordagens variadas. Ao fim, refletimos sobre o conjunto das temporalidades de Braudel, que podem culminar em pontes teóricas e políticas junto aos povos indígenas.
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