A ranicultura, como atividade produtiva sustentável, necessita do desenvolvimento de dietas que atendem as necessidades nutricionais da rã-touro, sendo economicamente viáveis e que permitam o máximo aproveitamento dos nutrientes contidos na dieta. Desta forma, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de definir as digestibilidades de ingredientes vegetais e de origem animal para rã-touro (Lithobates catesbeianus) pós-metamórfica em quatro classes de peso. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 8x4, avaliando oito ingredientes (fubá de milho, farelo de soja, farelo de trigo, farelo de sorgo, farelo de arroz, farelo de aveia, farinha de peixe e farinha de carne e ossos) em quatro classes de peso (40g, 80g, 160g e 220g), com seis repetições e seis animais por unidade experimental. Foram utilizadas 1440 rãs-touro, divididas em quatro classes de peso, 40±10g, 80±10g, 160±10g e 220±10g. Após jejum de 96 horas, as rãs-touro foram submetidas à alimentação induzida com 5% do peso vivo do animal, através da metodologia da indução ao consumo e utilizando um dos alimentos testados, quais sejam, fubá de milho, farelo de soja, farelo de sorgo, farelo de trigo, farelo de arroz, farelo de aveia, farinha de peixe e farinha de carne e ossos. Para cada tratamento (ingrediente x classe), os animais alimentados foram distribuídos em 6 caixas de polietileno de 12 litros de volume útil com 500mL de água. O experimento foi realizado dentro de sala climatizada com controle de temperatura ajustado para 27,0oC constante e fotoperíodo de 12 horas de luz e 12 horas de escuro. Os animais permaneceram nas unidades experimentais até a total passagem do alimento pelo trato gastrointestinal. As amostras foram coletadas, armazenadas em freezer -20,0Co e os animais descartados. Em laboratório, as amostras foram liofilizadas e analizadas quando a composição em matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral e carboidratos não fibrosos, e determinados os coeficientes de digestibilidade verdadeira dos nutrientes na rã-touro nas classes de peso de 40g, 80g, 160g e 220g. Os dados foram comparados estatisticamente por análise de variância com F a 1%, e detectando-se diferença, as médias foram comparadas com teste de Tukey com nível de significancia de 5%. A digestibilidade da matéria seca da farinha de peixe na classe de 40g é reduzida, aumenta na classe de 80g e se mantém estável na classes de 160g e 220g. A digestibilidade da proteína bruta da farinha de peixe é reduzida na classe de 40g em comparação com a 80g, 160g e 220g. A farinha de carne e ossos apresentou coeficiente de digestibilidade da proteína bruta de 84,37% na classe de 40g, superior ao encontrado para as classes de 80g (70,15%), 160g (57,13%) e 220% (51,96%). Os coeficientes de digestibilidade da proteína bruta de todos os ingredientes vegetais foram reduzidos nos animais da classe de 40g e estatisticamente diferente dos coeficientes das classes de 80g, 160g e 220g. A análise de extrato etéreo identificou a tendência de menor digestibilidade em todos os ingredientes vegetais para os animais de 40g, aumento da digestibilidade nos animais da classe de 80g e manténdo-se estatisticamente semelhante nas classes de 160g e 220g. O coeficiente de digestibilidade do extrato étero da farinha de peixe na classe de 40g foi de 55,63%, em 80g, 82,01%, em 160g, 87,77%, e em 220g, 67,47%. Os coeficientes de digestibilidade do extrato etéreo da farinha de carne e ossos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre nenhuma das classes avaliadas, variando de 71,28% a 89,03%. O farelo de arroz e o farelo de aveia são as fontes de carboidratos não fibrosos de melhor digestibilidade para a rã-touro em qualquer das classes avaliadas. As digestibilidades da matéria mineral e dos carboidratos não fibrosos da farinha de peixe e da farinha de carne e ossos, são estáveis entre as classes de peso. Conclui-se que os coeficientes de digestibilidade verdadeira dos ingredientes fubá de milho, farelo de soja, farelo de trigo, farelo de sorgo, farelo de arroz, farinha de peixe, farelo de aveia e farinha de carne e ossos, mudam, principalmente, entre a fase de 40g e as fases subsequentes de 80g, 160g e 220g. A mudança se caracteriza pelo aumento da digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo e matéria mineral. Há estabilidade na digestibilidade dos carboidratos não fibrosos entre as classes. Os ingredientes vegetais e de origem animal avaliados são boas fontes de nutrientes para a rã-touro, e a digestibilidade dos nutrientes muda conforma a classe de peso do animal. Palavras-chave: Rã-touro. Digestibilidade. Ingredientes. Nutrição. Dieta.
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