RESUMO. A revisão bibliográfica mostra que os estudos relativos à redução de danos (RD) se centram, predominantemente, na discussão das implicações de diferentes modelos de tratamento para o usuário de drogas e na redução de danos aplicada a usuários de drogas injetáveis. Porém, poucos estudos são encontrados acerca do trabalhador em RD. Neste contexto, o presente artigo propõe uma reflexão a respeito do trabalho dos redutores de danos, questionando como as formações discursivas sobre aids e drogas, na sociedade contemporânea, atravessam a subjetividade e o trabalho dos redutores, bem como sobre as possibilidades de inserção e sustentabilidade das ações em redução de danos.

BackgroundDespite the rise of stimulant use, most harm reduction programs still focus on people who inject opioids, leaving many people who use methamphetamine (PWUM) underserviced. In Asia, especially, where methamphetamine prevalence has overtaken opioids prevalence, harm reduction programs assisting PWUM are rare. The few existing innovative practices focusing on methamphetamine use lie underreported. Understanding how these programs moved their focus from opiates to methamphetamine could help inspire new harm reduction responses. Hence, this paper analyzes a newly implemented outreach program assisting methamphetamine users in Jakarta, Indonesia. It addresses the program’s critical learning points when making the transition to respond to stimulant use.MethodsThis case study is part of a more extensive research on good practices of harm reduction for stimulant use. For this case study, data was collected through Indonesian contextual documents and documents from the program, structured questionnaire, in-depth interviews with service staff and service users, a focus group discussion with service users, and in-loco observations of activities. For this paper, data was reinterpreted to focus on the key topics that needed to be addressed when the program transitioned from working with people who use opioids to PWUM.ResultsFour key topics were found: (1) getting in touch with different types of PWUM and building trust relationships; (2) adapting safer smoking kits to local circumstances; (3) reframing partnerships while finding ways to address mental health issues; and (4) responding to local law enforcement practices.ConclusionsThe meaningful involvement of PWUM was essential in the development and evaluation of outreach work, the planning, and the adaptation of safer smoking kits to local circumstances. Also, it helped to gain understanding of the broader needs of PWUM, including mental health care and their difficulties related to law enforcement activities. Operating under a broad harm reduction definition and addressing a broad spectrum of individual and social needs are preferable to focusing solely on specific interventions and supplies for safer drug use. Since many PWUM smoke rather than inject, securing funding for harm reduction focused on people who do not inject drugs and/or who do not use opioids is fundamental in keeping programs sustainable.

Neste estudo mapeamos e descrevemos 11 programas/ações em redução de danos vigentes nos anos de 2004 a 2006, na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. A descrição e análise se construíram por meio de entrevistas com as coordenações dos programas, de análise documental e da comparação com um mapeamento realizado em 2003. Buscou-se discutir a sustentabilidade (política, financeira e administrativa) e as características de funcionamento dos programas. A análise utilizou as seguintes categorias: tipo de vínculo do programa/ação; formas de inserção nos municípios; histórico, financiamento; ações típicas; forma de contratação da equipe; existência de trabalho voluntário; recursos (humanos e financeiros); parcerias; existência de legislação municipal; e participação em espaços de representação política. Apesar da diversidade de vínculos e formas de organização dos locais analisados, algumas características são comuns, como: inserção profissional precária; dependência do trabalho voluntário para a execução das atividades; influência das mudanças de gestão municipal e estadual para a continuidade de projetos e de parcerias, assim como para a manutenção de recursos humanos e financeiros dos programas. Concluímos que estes elementos geram descontinuidade no atendimento à população.