Resumo Muitos estudos sobre prostituição e prostitutas não apresentam os sentidos e significados atribuídos por elas sobre a própria vida e trabalho. Em vista disso, aliançando-me ao que colegas prostitutas relatavam sobre o assunto e a discussões realizadas junto a parceiros acadêmicos, esta pesquisa é construída através das minhas viagens como puta e pesquisadora a três diferentes zonas, objetivando compreender como as teorias feministas chegam por lá. Narrativas de prostitutas e concepções de algumas teóricas feministas sobre prostituição são entremeadas como forma de compor o debate. Para realizá-lo, entrelaço a proposta de Donna Haraway sobre saberes localizados ao modo de narração oferecido pelo filósofo Walter Benjamin, como forma de contestar narrativas hegemônicas sobre prostituição, assim como afirmar minha conexão parcial com as prostitutas. Por fim, noto que os feminismos quase não chegam às zonas pesquisadas, e quando chegam o fazem através de discursos culpabilizantes.
Este artigo busca abrir espaço para uma discussão teórica acerca dos processos de colonização entrelaçados às tentativas de aniquilamento político dos saberes tradicionais femininos. Para tanto, partimos do conceito geral de bruxas (rezadeiras e curandeiras) por meio das definições construídas em território nacional, e que se tornaram aparentes em trabalhos científicos publicados nos últimos anos. Deste modo, o texto tem por base a revisão de uma literatura que chama atenção para a elaboração e perpetuação de um dispositivo que pode ser denominado de “caça às bruxas”, que visa o extermínio epistemológico desses saberes, ao passo que desvaloriza e demoniza corpos e subjetividades femininas.
Resumo Neste artigo, por meio das narrativas das experiências de trabalhadoras sexuais de três diferentes zonas de prostituição, localizadas no interior dos estados de São Paulo e do Espírito Santo, analisa-se as relações e saberes presentes nas políticas internas da prostituição. Objetivando contrapor-se às perspectivas que compreendem prostitutas como vítimas, passivas e incapazes de produzir saberes e práticas feministas em ambiente de trabalho, utilizou-se como método de pesquisa a política de narratividade de Walter Benjamin aliada às proposições feministas e putafeministas.
This article uses narratives about the experiences of sex workers' in three different prostitution zones in the states of São Paulo and Espírito Santo to analyze the relationships and knowledge present in the internal politics of prostitution. To counter perspectives that understand prostitutes as passive victims incapable of producing feminist knowledge and practices in the workplace, Walter Benjamin's politics of narrativity are used as a research method, combined with feminist and “putafeminist” propositions.
Neste artigo objetiva-se compreender, por um esforço teórico, como os saberes de mulheres bruxas é adquirido e como esses ensinamentos se perpetuam no tempo. Em diálogo com noções feministas, principalmente decoloniais, evidenciamos pistas sobre a relação entre grupos de mulheres consideradas bruxas e a natureza. Destacamos ainda como os marcadores de gênero, raça e classe se conectam às práticas de violência que se perenizam contra as bruxas, fomentando práticas contra a existência de corpos específicos; e colocando em evidência a prevalência de uma “caça às bruxas”, ainda no cenário atual. Denota-se ainda os processos de resistências desse grupo de mulheres às tentativas de extermínio, por meio da perpetuação de seus saberes.
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