Os povos originários desenvolveram formas próprias de produzir os seus trabalhos artísticos, que ultrapassam a noção de arte ocidental. Levando em consideração a importância desses fazeres que envolvem atividades manuais, este artigo pretende comparar dois saberes artesanais de povos diferentes: fabricação de papel artesanal com fibra de bananeira (Wapichana/RR) e objetos de cipó (Tupinambá/BA). Diante disso, busca-se estudar como as/os artistas Valdélia Tenente (Wapichana), Maria da Glória Tupinambá, Lírio da Serra (Tupinambá) confeccionam suas artes. Recorre-se também a textos de autores indígenas para fundamentar a discussão, tais como as reflexões de Graça Graúna (2018), Márcia Kambeba (2020) e Ailton Krenak (2019). Assim, o trabalho demonstra que fazeres específicos de povos indígenas entrelaçam saberes e conectam arte, escritura, ciência e ecologia, com o intuito de respeitar e cuidar da Mãe Terra.
As produções de autoria indígena têm ecoado as vozes de povos originários de várias regiões do planeta. Essas literaturas registram perspectivas cosmológicas de autoras e autores integrantes das comunidades. Nos textos escritos por mulheres indígenas, é possível notar também a forte presença de personagens avós que narram histórias e transmitem sabedorias. O objetivo deste artigo é analisar as obras Criaturas de Ñanderu (2013), da autora Potiguara brasileira Graça Graúna, e La pequeña Francisca (2020), da escritora Mariela Tulián (povo Comechingón/Argentina), tecendo uma leitura comparativa dessas narrativas. Embora ambas tenham classificações ocidentais de "literatura infantojuvenil" ou "contos folclóricos", aqui destaca-se a importância dessas histórias criadas por duas autoras situadas em diversos espaços de Abya Yala. O percurso metodológico da investigação se ancora na pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa. O quadro teórico apoia-se em Antonio Cornejo-Polar (2000), com a noção de literaturas heterogêneas; Arturo Arias (2012), examinando o debate sobre as produções indígenas questionarem a ideia de nacionalidade hegemônica; Graça Graúna (2013), que sugere o uso da noção de auto-história no estudo dessas literaturas. Dessa forma, a investigação evidencia que os estudos comparados voltados para analisar produções escritas por mulheres indígenas de países diferentes enriquecem o campo literário e permitem observar os pontos que aproximam e distanciam essas vivências.
Artistas indígenas têm sido cada vez mais conhecidos no âmbito nacional ao promoverem uma cena que Jaider Esbell chama de “arte indígena contemporânea”. Museus, galerias e espaços digitais têm sido demarcados por curadores/as de diferentes povos originários do Brasil para expor produções multifacetadas. Dois anciãos, nas suas atividades cotidianas, contribuíram para fortalecer esse cenário: Sibé (Feliciano Lana/Desana) e Meriná (Bernaldina José Pedro/Macuxi). Ambos foram vítimas da política de morte instaurada no país e trabalharam com narração de histórias, desenho, canto e tecelagem. O objetivo deste artigo é analisar as produções desses dois conhecedores dos saberes de suas comunidades, discutindo o quanto esses trabalhos impactam o campo da arte indígena contemporânea. O fazer das velhas e velhos reafirma a existência milenar e ancestral das produções indígenas. Para tanto, recorre-se principalmente à crítica escrita por intelectuais dos povos originários. Assim, demonstra-se que o contemporâneo da expressão arte indígena contemporânea engloba anciãos das comunidades e os seus fazeres são fundamentais para a elaboração de trabalhos hoje efervescentes nas instituições de arte.
Os indígenas da nação Tupinambá de Olivença vivenciam muitas histórias de resistência que se mantêm vivas nas memórias dos mais velhos, sendo contadas oralmente pelos anciões no âmbito dessas comunidades. Algumas dessas narrativas foram registradas na obra Anciões em Contos e Encontros, organizada por Alessandra Mendes e Jaborandy Tupinambá. O livro apresenta um mosaico de narrativas de quatorze anciões, composto por relatos memorialísticos e contos tradicionais. Em suas histórias, muitos sábios relembram a figura do Caboclo Marcelino. Este nativo foi uma liderança indígena que reivindicou, durante o período da década de 1930, os direitos territoriais de sua comunidade, sendo por isso perseguido pela polícia local e visto como bandido pelos coronéis da região. Nessa época, as vozes dos nativos foram silenciadas, sendo necessário presentificá-las hoje, por meio da escrita, para que a história seja escovada a contrapelo, como propõe Benjamin (1985). Tomando como ponto de partida as histórias registradas em Anciões em Contos e Encontros, pretende-se analisar como os anciões retratam o Caboclo Marcelino em suas narrativas orais e a importância de rememorar esse personagem histórico para o povo Tupinambá. Por meio da análise dessas narrativas, busca-se ainda divulgar a relevância dessa liderança indígena para o fortalecimento da identidade Tupinambá.
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