Este artigo descreve o alinhamento morfossintático em matis, língua da família Pano, falada na terra indígena Vale do Javari, região oeste do estado do Amazonas, Brasil. Estudos sobre essa língua têm sido realizados desde o início do século XXI, com análises do alinhamento morfossintático restritas a aspectos morfológicos da oração. Baseado nos resultados desses estudos e na descrição de dados primários da língua matis, o presente trabalho propõe a descrição sistematizada do alinhamento morfossintático, por meio da análise funcional e textual da marcação de caso. A abordagem teórico-metodológica tem como base os princípios da Linguística Tipológica Funcional, com a análise realizada por meio da descrição de dados obtidos em sessões de elicitação e extraídos de narrativas coletadas em trabalho de campo. Os resultados da análise morfológica indicam a relação de categorias nominais entre o alinhamento morfossintático e a ergatividade no sincretismo de casos. Na análise sintática, o sistema funcional do alinhamento morfossintático define a interação gramatical da ergatividade sintática e a concordância de participante. Espera-se que os resultados e conclusões apresentados neste artigo contribuam na compreensão dos sistemas de transitividade da língua matis, como a concordância de participante e o alinhamento morfossintático.
Oliveira, Sanderson Castro Soares (2014). Contribuições para a Reconstrução do Protopáno. Brasília: Universidade de Brasília (Tese de doutorado em Linguística). Pp 491 + 5 figuras. 15 tabelas. 53 quadros.A tese de doutorado "Contribuições para a reconstrução do protopano" apresenta uma proposta de reconstrução fonêmica e lexical de um grupo de línguas da família Pano, faladas no Brasil, Peru e Bolívia. O trabalho tem como base geral o estudo de Shell (1975), que se apresenta como a primeira proposta de reconstrução histórica de aspectos fonológicos de línguas Pano e, apesar da limitação de línguas comparadas (somente sete, faladas no Peru), representa o trabalho fundamental com relação às pesquisas de reconstrução histórica desde sua publicação. Esta resenha, em termos gerais, trata de uma tese que, por meio de um estudo de revisão, propõe um novo inventário fonêmico de consoantes e vogais e reproduz 512 itens lexicais reconstruídos do Proto-Pano. Ademais, o autor também propõe a reconstrução das formas nasais coronais {-n} que marcam os casos ergativo, genitivo, locativo e instrumental, na maior parte das línguas da família Pano.Com relação às línguas comparadas, o autor seleciona as sete línguas cotejadas no estudo de Shell (1975): Kashíbo (Ksh); Shípibo-Kónibo (Sk); Kapanáwa (Kp); Chákobo (Ch); Amawáka (A); Kaxinawá (Kn) e Marináwa (M), com adição das seguintes línguas: Marúbo (Mar); Yawanawá (Yaw); Poyanáwa (Poy); Yamináwa (Yam); Mayorúna (My) (idiomas complementares do estudo desta autora) e de oito línguas descritas após a década de 1970: Katukína (Kat); Shanenáwa (Shan); Kaxararí (Kax); Chanináwa (Chan); Sharanáwa (Shar); Korúbo (Ko) e Matis (Mt). 2 Ademais, o autor também considera os resultados gerais do estudo de Girard (1971), 3 que apresenta uma proposta de reconstrução histórica da fonologia de línguas da família Takana e relaciona os resultados gerais de sua proposta de reconstrução com os resultados do estudo de Shell (1975).A tese é dividida basicamente em seis capítulos: Além da Introdução; 1. Revisão das classificações da família Pano; 2. Sistemas fonológicos; 3. Correspondências; 4. Consoantes em final de palavra em protopano, 5. Origem e desenvolvimento de alguns sufixos casuais na família Pano; 6. Considerações finais, seguidas das referências bibliográficas. Além disso, o trabalho contém 5 figuras, 15 tabelas, 53 quadros e um apêndice com 512 cognatos reconstruídos.1 Bolsista FAPESP (Processo 2012/23156-3). 2 As abreviações usadas para as línguas são as mesmas de Shell (1975), com exceção daquelas referentes às línguas não abordadas por essa autora, que provavelmente foram criadas por Oliveira (2014).3 Oliveira (2014) também utiliza breves resultados do estudo comparativo de Soto (1990), intitulado "Preliminary Pano family tree based on the reconstruction by O. A. Shell".
Grammatical and pragmatic aspects of body-part constructions represent relevant theme for typological and functional researches in the Amerindian languages. Despite the researches on body-part morphemes in the Matis language since the beginning of the 21st century, studies have been restricted to brief inventories and to the description of isolated clauses. In the present article, I describe the § I would like to thank Dejan Matić, for his valuable guidance and support in an earlier version of this article; Bushe Matis, for his helpful assistance on the body-part terms; the two anonymous reviewers from the Journal of Universal Language (JUL); and the São Paulo Research Foundation (FAPESP) for the research grant 2019/09686-9. All the remaining mistakes in the proposed analysis are my responsibility.
Este artigo elaborado por David W. Fleck (Pesquisador Associado do Departamento de Linguística da Universidade de Oregon) apresenta um amplo panorama linguístico, histórico e cultural a respeito do conhecimento produzido sobre as línguas da família Pano. O trabalho está dividido basicamente em seis seções, apresenta um mapa representativo da localização das línguas Pano e três anexos. O primeiro destes traz informações a respeito da sinonímia, homonímia e variações ortográficas de todos os nomes de falas que são ou foram descritas como línguas Pano; o seguinte apresenta as publicações linguísticas disponíveis de línguas e dialetos Pano; e o último, suas localizações geográficas.Após uma breve introdução sobre essa família, uma classificação interna dessas línguas com base em comparações lexicais, fonológicas e gramaticais é apresentada. Esta classificação abrange todas as línguas e dialetos falados e já extintos que foram documentados desde as missões Jesuítas e Franciscanas no século XVII até os trabalhos de linguistas atuais. Em seguida, é apresentada uma descrição das relações históricas entre línguas Pano e línguas de outras famílias da América do Sul, como por exemplo, relações genéticas com línguas da família Takana. Ademais, empréstimos lexicais e gramaticais com línguas de fronteira geográfica, como o Kechua, são descritos.O artigo também apresenta uma história detalhada da linguística Pano seguida dos principais aspectos tipológicos da fonologia, morfologia e sintaxe, em que algumas propriedades gramaticais mais relevantes identificadas nas línguas são descritas, e por fim uma discussão sobre características etnolinguísticas é apresentada na última seção. Conforme Fleck, um dos principais objetivos do trabalho é analisar as informações linguísticas Pano disponíveis e reunir informações antigas e recentes para produzir uma classificação linguística, assim como uma descrição da família, mais sistemática. O estudo representa uma importante contribuição tanto para nosso conhecimento sobre a família Pano quanto para os futuros estudos sobre suas línguas.Na seção "Classification and inventory of Panoan languages and dialects", é apresentada uma classificação de 33 línguas da família Pano das quais somente as que existem pelo menos uma lista de palavras são incluídas. Caracteriza-se como uma classificação de similaridades relativas, ao contrário de uma produzida por meio da aplicação do método comparativo, e como afirma o autor: "[…] readers should not take the present classification as genetic." (p. 10). Ademais, Fleck demonstra o procedimento de denominação das línguas por meio do exame de questões como sinonímia, homonímia (intra e interfamiliar) e as representações ortográficas. Em geral, sobre a sinonímia, o etnônimo é selecionado com base no termo mais comum (ou mais antigo) na literatura; casos de homonímia, um modificador locativo é adicionado ao termo; e sobre a ortografia, foi adotado o padrão similar ao da literatura sobre o tema.1 Bolsista FAPESP. Processo 2012/23156-3.
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