Ao considerar que o acontecimento não é apenas da ordem do que ocorre, mas de como ele se torna, o artigo se volta para a relação que partilhar a experiência e dar a conhecer denotam. O presente texto analisa os livros Palestinos, os novos judeus (1977) e Entre árabes e judeus: uma reportagem de vida (1991), da jornalista Helena Salem, do Jornal do Brasil à época da Guerra do Yom Kippur. Com apoio em uma leitura da narrativa, o artigo considera os livros como espaço de reflexão sobre a prática e o saber jornalísticos, de elaboração da crítica, de formulação da experiência e de fixação da memória.
O presente texto debate a reportagem jornalística e sua construção narrativa como devedora do gesto de reconhecimento, mantendo em permanente evidência o Outro como dimensão primeira da comunicação. O Outro como questão é um convite ao fim da distância, mesmo que seja também um limite à aproximação. Para Paul Ricoeur, a reciprocidade do reconhecimento é a exigência ética mais profunda. Em Emmanuel Lévinas, o princípio ético absoluto é o cuidado com o outro, uma responsabilidade incondicional e infinita como estrutura fundamental da subjetividade. Em uma articulação entre os estudos da reportagem e a filosofia, propôs-se tomar a reportagem, em sua qualidade de metodologia do jornalismo, fundamentada por um encontro que é ruptura do mesmo em direção ao Outro e cuja escrita pode tensionar a representação que apaga o clamor do Rosto, potência para pensar o jornalismo diante da vida precária e da exclusão.
O texto trabalha o discurso de organizações que representam jornalistas diante da problemática da violência contra esses profissionais no Brasil. Analisaram-se 30 relatórios anuais (2010-2019) de três organizações: Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Federação Nacional de Jornalistas e Artigo 19. A leitura é filiada à Análise do Discurso (AD) de linha francesa e aciona posições discursivas e os efeitos de sentido acerca da violência. Como resultado, obteve-se a formação discursiva “Violência contra jornalistas”, no interior da qual, destacaram-se três posições-sujeito (PS): PS1 “Organização” - articula posicionamentos, atribuição de responsabilidades e o reconhecimento de fragilidades; PS2 “Jornalismo/jornalista” - faz trabalhar os efeitos de sentido a partir do jornalista e da sua atividade; PS3 “Violência” - contempla o dizer sobre as violações, nos vieses de busca por silenciar os profissionais e do Estado como o maior responsável pela violência.
Resumo. O presente texto apresenta parte de uma investigação maior em torno da reportagem em espaços narrativos independentes, criados e mantidos por jornalistas no ambiente digital. Analisa um conjunto de matérias publicadas no site da Agência Pública de jornalismo investigativo e que tratam de tensões sociais do Brasil. Para uma leitura mais apurada, são trabalhadas 11 reportagens ampliadas, produzidas em 2012, todas publicadas na categoria Marcadas para morrer. Para produzir conhecimento a partir da análise da narrativa, a investigação está ancorada na proposição refl exiva do fi lósofo Slavoj Zizek sobre os antagonismos do capitalismo atual. No encontro das marcas textuais que caracterizam o espaço em questão são discutidos alguns caminhos possíveis para o jornalismo. A cartografi a da Públi-ca permite encontrar um complexo mapa sobre os antagonismos e as emergências que caracterizam nosso tempo e os modos de narrá-lo. Abstract. This text presents part of a larger r esearch around the journalistic reportage in narrative spaces created and maintained by journalists in the digital environment. It analyzes a set of materials about the social tensions in Brazil published on the investigative journalism website Agência Pública. For a more refi ned reading, the text works with 11 extended reports produced in 2012, all published in the category Marcadas para morrer. In order to produce knowledge based on the analysis of the narrative, this research is grounded in the refl ective proposition of the philosopher Slavoj Zizek about the antagonisms of contemporary capitalism. In the search for textual evidence that characterizes the space in question some possible ways for journalism are discussed. The mapping allows the Agência Pública to fi nd a map on the complex emergencies and antagonisms that characterize our time and the ways to narrate it.
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