<p>Em geral, animais resgatados passam um período em cativeiro para avaliação da condição física e capacidade de sobrevivência antes de retornarem a natureza. Durante este período, os animais devem ser estimulados através de um enriquecimento ambiental e alimentar para manterem os comportamentos similares aos apresentados em meio natural. Este estudo foi realizado com seis indivíduos de <em>Rhea americana</em> no bioma Cerrado, em Goiás. O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade de comportamentos de emas, através de uma comparação entre os comportamentos de cativeiro e vida livre. Os animais tinham entre 4 e 10 meses durante o monitoramento, sendo que os mesmos indivíduos foram observados em cativeiro e vida livre. Observações comportamentais foram feitas com seis indivíduos durante um total de 120 h, sendo 60 h em cativeiro e 60 h em vida livre. Para a construção do etograma foram utilizados os métodos de observação <em>ad libitum</em> e animal focal. Identificamos um total de 19 comportamentos agrupados em oito categorias comportamentais: alimentação, encontro agonístico, locomoção, limpeza, vocalização, brincadeiras, inatividade e defesa. As diversidades de comportamentos tiveram frequências semelhantes nas fases de cativeiro e vida livre. Os comportamentos de locomoção e vocalização tiveram maior expressão em cativeiro, enquanto os comportamentos de limpeza, alimentação, encontro agonístico e brincadeira tiveram maior expressão em vida livre. Entretanto, não houve nenhuma diferença significativa entre os comportamentos de vida livre e cativeiro. Nesse estudo foram feitas observações apenas de machos, e por isso, sugerimos estudos adicionais que incluam machos e fêmeas, para serem observados possíveis comportamentos de reprodução. As reintroduções com emas, geralmente, não são bem sucedidas, considerando a alta taxa de mortalidade por um predador natural. Medidas adequadas de manejo poderiam evitar estes problemas. Desta forma, ações conservacionistas que visem a reintrodução de emas e que identifiquem os comportamentos de indivíduos em cativeiro e vida livre podem ajudar a melhorar o bem-estar animal em cativeiro e, desta forma, aumentar as chances de sobrevivência no ambiente natural. O enriquecimento ambiental e alimentar pode ser essencial para estimular os comportamentos naturais, evitando comportamentos estereotipados em cativeiro. Além disso, os métodos usados nesse estudo poderiam ser utilizados para outras aves ratitas.</p><p><strong>Palavras chave</strong>: Aves ratitas, bem-estar animal, Cerrado, observações comportamentais, <em>Rhea americana</em>.</p>
<p>No ambiente natural, os animais são expostos a uma grande quantidade de ameaças a sobrevivência. Considerar a ecologia do medo é importante para estimar o papel ecossistêmico que os predadores desempenham nas comunidades, uma vez que o medo de um predador pode provocar não somente respostas baseadas em densidade (<em>i.e</em>., remoção de indivíduos de uma população), como também respostas comportamentais, que podem resultar em efeitos em cascata. Comportamentos defensivos são relativamente simples de serem avaliados em situação de cativeiro, uma vez que são conspícuos e específicos, dificilmente sendo confundidos com outros comportamentos quando observados. Desta forma, o objetivo deste estudo foi verificar a habilidade de indivíduos de <em>Tamandua </em><em>tetradactyla</em> (Linnaeus, 1758) em detectar pistas indiretas de um predador, para avaliação de risco do ambiente. Neste estudo, seis indivíduos de tamanduás-mirim (<em>T. tetradactyla</em>) em cativeiro foram expostos a pistas indiretas (<em>e.g</em>., urina e fezes) de jaguatirica (<em>Leopardus pardalis</em>). No total, cinco machos e uma fêmea de tamanduá foram observados pelo método de animal focal, em um esforço total de 36 horas de observação. Tamanduás-mirins alocados nos recintos com pistas indiretas do predador exibiram maior frequência de comportamentos anti-predatórios e diminuição dos comportamentos de inatividade. A utilização de pistas indiretas é vantajosa para indivíduos de tamanduá-mirim, pois permitem a avaliação de risco de uma determinada mancha do ambiente e elicia comportamentos de evitação, que são menos custosos energeticamente. A porcentagem de comportamentos também é apresentada com e sem as pistas indiretas do predador de <em>T. tetradactyla</em>, na qual pode ser útil para entender a capacidade de resposta de tamanduás-mirins a situações de perigo.<strong></strong></p><p><strong></strong><strong>Palavras chave</strong>: Ecologia do medo, tamanduá-mirim, jaguatirica, comportamentos anti-predatórios.</p>
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