RESUMO Este artigo apresenta e discute acontecimentos que emergiram no decorrer de uma pesquisa-intervenção com jovens, visando problematizar as contribuições para a formação ética, estética e política tanto dos pesquisadores como dos participantes. Oficinas estéticas mediadas por linguagens artístico-visuais consistiram no modus operandi da pesquisa-intervenção, sendo os acontecimentos relativos à oficina de graffiti o foco das análises aqui apresentadas. Participaram dessa oficina entre 20 a 25 jovens matriculados em uma escola pública municipal de Florianópolis/SC, com idades entre 13 e 16 anos. As atividades foram coordenadas por bolsistas de IC e extensão, graduandos de psicologia, e um bolsista AT, grafiteiro. Os registros das atividades foram feitos via filmagens, fotografia e registros em diário de campo. As análises foram realizadas a partir de uma perspectiva dialógica, com foco na responsividade que conota as ações e pauta a condição alteritária da existência.
A temática da cidade como espaço de constituição do sujeito vem se caracterizando como objeto de discussões em diferentes campos. O assunto é discutido neste texto via experiência de um projeto de pesquisa-intervenção alicerçado na oferta de oficinas estéticas para jovens com a mediação de linguagens artísticas da arte urbana. Foram analisadas as produções gráficas decorrentes das oficinas e os discursos dos jovens sobre a urbe. O referencial para análise foi a teoria histórico-cultural, a qual concebe toda e qualquer pessoa como ser constituído no contexto social do qual é parte e ativamente participa. Constatou-se que as cidades produzidas pelos jovens eram diferentes e únicas, divergentes das imagens da cidade veiculadas pela mídia. A reinvenção da urbe e de si mesmos via atividades estéticas afirmou-se, por sua vez, como possibilidade no contexto das oficinas estéticas, configurando-as como espaços para a reinvenção das relações dos jovens com a cidade.
O projeto de pesquisa-intervenção “ArteUrbe: oficinas estéticas com jovens da/na cidade” objetiva investigar as relações que jovens estabelecem com a urbe e possibilidades de sua modificação via oficinas estéticas. Intervenções artísticas na cidade mediadas por linguagens da arte urbana como o graffiti, o estêncil e o lambe-lambe são problematizadas, sendo investido tanto na fruição como na experimentação das mesmas. Algumas características do processo de produção dessas inscrições e seus efeitos para seus artífices são apresentadas neste artigo, sendo foco das discussões as possibilidades engendradas no encontro dos jovens com variadas tecnologias, sejam avançadas, como as digitais, ou rudimentares, como uma chapa de raio-x transformada em molde para o estêncil.
Este estudo avalia uma intervenção de oficinas de graffiti, com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de privação de liberdade em um Centro de Atendimento Socioeducativo de Florianópolis (SC). As oficinas visaram promover uma intervenção artística, espaço de expressão, fortalecimento de vínculos e formação ética-estética-política dos jovens. Foram realizados seis encontros com dois grupos (ala feminina e masculina) de 5 a 15 adolescentes (13 a 18 anos), bem como reuniões com a equipe técnica e os agentes socioeducativos. Posteriormente, foram conduzidos grupos focais com os participantes, sendo realizada análise de conteúdo temática e discussão com registros de diários de campo. Os resultados indicaram contribuição para o caráter socioeducativo da medida, coerente com o Estatuto da Criança e do Adolescente, pois houve opiniões positivas e protagonismo dos adolescentes, reflexões sobre ética e a dinâmica do Centro.
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