<p>Na psicanálise infantil atualmente, além da necessidade de se avaliar os determinantes do sofrimento, tecido entre as esferas intra e interpsíquicas, as técnicas utilizadas são de grande importância. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a possibilidade de que a construção de jogos no espaço analítico, usados como objetos facilitadores da emergência de conteúdos familiares conflituosos, possa assumir um importante valor terapêutico. Para tanto, será apresentado um exemplo clínico em que criança e terapeuta construíram um jogo chamado de “Cara a cara com os conflitos familiares”. A metodologia empregada é qualitativa, de relato de caso. O referencial teórico adotado é psicanalítico. É apresentado um recorte do atendimento de uma menina de oito anos, marcada por intenso sofrimento nos vínculos familiares. Com a construção do jogo, conflitos anteriormente indizíveis/impensáveis obtiveram legitimidade e um registro que permitiu o início da elaboração e um brincar criativo. Outra conseqüência, de valor terapêutico, foram as sessões vinculares, em que familiares eram convidados para jogar. Cabe ao terapeuta estar atento às comunicações dos pacientes, permitindo a emergência na sessão, em um gesto espontâneo mútuo, de elementos que facilitem a expressão dos conteúdos e a vivência de uma experiência autêntica e criativa, situada em uma continuidade espaço-tempo. </p>
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