O automóvel figura em destaque no rol dos bens mais cobiçados, sendo sobrepujado apenas pela casa própria e pelo próprio negócio -associados, respectivamente, à conquista de segurança e à independência. Mesmo assim, ocupa, para muitos, o primeiro lugar nessa lista, pois expressa status, prestígio, poder, realização, liberdade. "A imagem de que mais gosto é me ver refletido naquelas vidraças dos prédios dirigindo o meu carro", declarou um motorista a uma revista especializada em automóveis. O carro é uma vitrina.Bens inacessíveis para a expressiva maioria da população -alguns de seus modelos chegam a custar mais do que imóveis de médio padrão -, os automóveis podem ser classificados em diferentes categorias: novos e usados, nacionais e importados, instrumentos de trabalho e de passeio, esportivos e conservadores, populares e luxuosos etc.Os mais desejados são, sem nenhuma dúvida, os novos. O carro OK exala o característico cheirinho de novo. O plástico que recobre seus bancos evoca a integridade do hímen. Para o seu proprietário, a nota fiscal da concessionária equivale a um atestado de virgindade -"eu fui o primeiro!". Recente anúncio publicado em jornais diários de circulação nacional estampava os seguintes dizeres: "Nova concessionária Honda. Venha tirar o plástico dos bancos". Macluhan (1979, p. 246) já rotulara o automóvel de objeto sexual, chamando-o de "noiva mecânica".
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