A luxação do joelho com lesão da artéria poplítea associada é uma condição clínica rara. O rápido diagnóstico e tratamento são essenciais para salvar o membro e manter a sua função. Trata-se de um caso clínico de luxação posterior do joelho esquerdo associada a lesão neurovascular e a síndrome compartimental, resultando em isquemia aguda do membro. O doente foi prontamente submetido a redução fechada do joelho luxado na sala de emergência, tendo posteriormente realizado um bypass poplíteo supra-infra articular com veia grande safena contralateral invertida, fasciotomias dos compartimentos da perna e da coxa e fixação externa do joelho. O prognóstico do doente foi mau (membro amputado) devido a sépsis por infeção das fasciotomias e destruição muscular e lesão neurológica irreversível. O presente caso é importante porque reporta uma ocorrência muito rara e realça a importância da intervenção atempada e da abordagem em equipa para obter os melhores resultados possíveis.
Knee joint dislocation associated with injury of the popliteal artery is
PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDSLuxação posterior do joelho, rotura da artéria poplítea, bypass, lesão neurológica Posterior knee dislocation, popliteal artery disruption, bypass, neurologic lesion
Caso clínicoRevista Medicina Desportiva informa, 2018; 9(2):30-31. https://doi.org/10.23911/Vol.9Iss.2luxa.Traumatica.Joelho
IntroduçãoAs luxações do joelho são relativamente raras, constituindo entre 0.001% e 0.013% de todas as lesões ortopédicas.1,2 Resultam normalmente de acidentes de alta energia em homens jovens, podendo causar lesões ligamentares múltiplas, lesões meniscais, fraturas e lesões nerurovasculares.3,4 Estão associadas a lesão vascular em 23-32% das situações e neurológica em 25-35%.5,6 A luxação posterior do joelho ocorre em 25% dos casos de luxação do joelho (segunda mais comum) e é a que provoca maior taxa de lesão vascular.A artéria poplítea é especialmente vulnerável a lesão no trauma fechado dado encontrar-se fixa superiormente no hiato adutor e inferiormente no anel solear.2,5,7,8 De todas as lesões arteriais dos membros inferiores, a lesão poplítea é a que se associa a resultados mais desfavoráveis, sobretudo pelas lesões de tecidos moles coexistentes.2,5 Além disso, se a lesão vascular não for reparada dentro de 8 horas de isquemia, a taxa de amputação é de 86%.
9Habitualmente, a lesão neuroló-gica é causada por um mecanismo de estiramento, que pode resultar desde o leve estiramento até à disrupção completa. Em qualquer caso, o prognóstico é mau e a recuperação da função motora e sensitiva pode ser lenta ou incompleta.
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