Introdução: A aprendizagem interpares é uma ferramenta educacional diferenciada, incluindo o modelo tradicional de tutoria e a interação de indivíduos com o mesmo grau de formação. O programa de formação especializada em medicina geral e familiar (MGF) introduziu, em 2019, a aprendizagem relacional no horário semanal dos médicos internos. Na Administração Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) foi adotado o modelo das Sessões de Aprendizagem Relacional (SAR). O presente estudo procurou perceber como está a ser implementada esta prática em Portugal continental, de forma a promover adaptações que permitam alcançar todo o seu potencial. Métodos: Foram incluídos os internos do 54º grupo da formação especializada em MGF. Os dados foram recolhidos entre 12/nov e 12/dez de 2020, através de um questionário online divulgado por correio eletrónico pelas coordenações do Internato Médico de MGF (CIMGF). Resultados: De um total de 416 internos obtiveram-se 86 respostas, 60 das quais da ARSLVT. À data da recolha dos dados verificou‑se que na ARS Norte não tinha sido implementado qualquer modelo formal de aprendizagem relacional. Na ARSLVT apenas um ACeS não realizava SAR. Nas ARS Centro, Alentejo e Algarve, esta prática não era uniforme. Nas SAR implementadas parecem desenvolver-se diversas atividades, o planeamento é maioritariamente feito de acordo com as orientações publicadas e a maioria dos internos reconhece a sua utilidade. São apontadas como principais dificuldades o impacto na atividade assistencial, a distância entre unidades e a ausência de apoio da direção de internato. A adoção de um horário rotativo, a implementação de sessões online e a existência de documentos orientadores são possíveis soluções. Conclusão: Tendo em vista a harmonização do percurso e a igualdade de oportunidades formativas devem ser procuradas estratégias locais efetivas para que a aprendizagem relacional seja uma realidade profícua para todos os internos.
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