Objetivo: Entender as histórias de vida de mulheres autodeclaradas negras e pardas. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório com uma abordagem qualitativa em um presídio feminino no interior do estado de Sergipe, que conta com 234 mulheres com idade entre 18 e 80 anos. Foram realizados três encontros que abordaram dois temas: (1) como era sua vida antes de cometer o delito e (2) o significado dos encontros de Terapia Ocupacional. Os temas foram abordados mediante atividades expressivas como a pintura, desenho e escrita no papel para que as participantes do estudo pudessem expressar seus sentimentos, emoções e suas vivências. Resultados: Foi identificada através das atividades expressivas a relação entre gênero, classe social e etnia. As práticas de preconceito vivenciadas anteriormente ao aprisionamento e a estadia no sistema prisional causaram impactos na saúde mental das participantes. Conclusão: Os encontros com profissionais de Terapia Ocupacional promoveram a possibilidade de as participantes compreenderem seus sentimentos, resgatar suas subjetividades e ampliar o repertório ocupacional. Além de poder contribuir para adoção de práticas antirracistas e criar um espaço discussão e reflexão desse tema tão emergente.
A esquistossomose é uma doença infecciosa que, a despeito de apresentar uma redução nos indicadores de morbimortalidade, ainda é considerada um problema de saúde pública no nordeste do Brasil. Estudos relatam maior distribuição espacial desta doença no país, relacionada à intensificação do processo de urbanização em muitos municípios brasileiros. O objetivo deste estudo foi caracterizar os casos de esquistossomose no município de Feira de Santana, Bahia, auxiliando na adoção de políticas de saúde pautadas em ações de prevenção e controle dessa enfermidade. Foi realizado o levantamento e a análise estatística de dados relativos à morbidade por esquistossomose provenientes das fichas de notificação da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde municipal. Pôde-se verificar que Feira de Santana é uma área de baixa endemicidade para esquistossomose, pois apresentou prevalências inferiores a 1% e que os indivíduos mais acometidos pela infecção são do sexo masculino, com idade entre 10 e 29 anos, da raça/cor da pele parda e preta, de baixa escolaridade. Concluiu-se que o entendimento da dinâmica da esquistossomose contribui para estimular a utilização de condutas preventivas e o melhor planejamento das ações de saúde em um município.
No Brasil, as iniquidades sociais persistem ao longo do tempo e estão fortemente associadas ao processo cruel de colonização estruturado no sistema escravocrata. O modelo convencional de desenvolvimento no Brasil, baseado na busca do crescimento econômico em detrimento do equilíbrio socioambiental, tem sido extremamente danoso às comunidades tradicionais, que têm seus territórios e as riquezas naturais existentes ameaçados frente à lógica ocidental de progresso. As comunidades quilombolas têm lutado ao longo dos anos para efetivar seus direitos de cidadania, principalmente o de titulação dos seus territórios, bem como o de acesso às políticas públicas de saúde, educação, e demais direitos de bem-estar social. Diante do discurso de desenvolvimento sustentável, inicialmente utilizado para promover a integração dos países e comunidades periféricos na lógica desenvolvimentista dos países centrais, as comunidades tradicionais quilombolas não têm suas necessidades e particularidades contempladas em propostas e projetos. Apesar de divulgarem a necessidade de equilíbrio econômico, social e ambiental, os agentes governamentais indutores de políticas de desenvolvimento sustentável não estimulam a emancipação das comunidades. Tampouco incentivam a valorização das concepções e valores civilizatórios que positivamente têm integrado as comunidades aos seus territórios, de modo a promover o convívio equilibrado entre seus membros e o meio ambiente. A construção de um novo panorama para promoção do bem-estar coletivo e da conservação ambiental em comunidades quilombolas requer o reconhecimento da contribuição de epistemologias que localizem o afrodescendente no centro da sua história e de seu presente, promovendo a descolonização do pensamento. A discussão acerca do desenvolvimento em comunidades quilombolas perpassa pelo reconhecimento, pela efetivação dos direitos das comunidades e pela valorização dos saberes e práticas das comunidades, na construção de ambientes sustentáveis e equânimes.
A abordagem ecossistêmica em saúde humana apresenta-se como possibilidade de construção teórico-prática das relações saúde e ambiente a partir, entre outros fatores, do estilo de vida de grupos populacionais específicos. Este estudo tem o objetivo de analisar como os saberes e práticas tradicionais de cuidado em saúde constroem territorialidades que contribuem para a conservação ambiental em comunidades quilombolas. Em uma pesquisa de campo realizada nas comunidades Mocambo e Sítio Alto no estado de Sergipe foram realizadas observação participante e entrevistas com agentes cuidadores. Identificaram-se a territorialidade da resistência, a territorialidade do cuidado e a territorialidade da esperança como traços comuns às duas comunidades na associação de saberes e práticas que articulam saúde e ambiente. Conclui-se que os princípios da abordagem ecossistêmica em saúde estão presentes nas comunidades quilombolas em uma dinâmica vital integradora e complexa das relações saúde e ambiente que tem contribuído para a conservação ambiental e cultural dessas comunidades.
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