1Resumo O que fabrica o jornalista quando escreve sobre história? Ao subverter a questão clássica de Michel de Certeau (2007), este artigo propõe contribuir para o debate sobre a relação da escrita da história com as amplas audiências. Ao focar em uma análise da principal obra de um dos mais célebres escritores não acadêmicos de livros de história no BrasilEduardo Bueno com sua coleção Terra Brasilispropõe-se que, entre o trabalho do divulgador e a historiografia profissional, dispõe-se outro ponto de intersecção merecedor de atenção e que responde pelos critérios do "lugar social" do jornalista. É, portanto, a partir de um diálogo com tais referências que percebemos uma narrativa jornalística da história alheia aos mecanismos de mediação próprios da memória disciplinar da historiografia, o que carregaria em si implicações ideológicas (WHITE, 1992) derivadas de querelas do tempo presente.Palavras-chave: Jornalismo. Historiografia. Corrupção. Implicação Ideológica.
RESUMO Entre os projetos colaborativos de acesso gratuito de organização do big data destaca-se a Wikipédia, plataforma com ótimos resultados em buscadores que organiza e compila informações dispersas na rede, além de carregar, em seus verbetes, grande número de entradas dedicadas à história. A partir da experiência do projeto de extensão Teoria da História na Wikipédia, este artigo destaca o fenômeno da escrita da história nesta plataforma. Partimos do ponto de vista de que escrever a história em uma enciclopédia digital e colaborativa implica constantemente a negociação de autoridade. Por se tratar de uma história produzida com o público, transforma a orientação acadêmica em edição/curadoria social, provocando estranhamentos com relação às práticas acadêmicas correntes. Advogamos, enfim, pelo diálogo entre as regras da matriz disciplinar da escrita da história e os pilares do enciclopedismo digital, tais como expressos pela Wikipédia.
Eduardo Bueno, jornalista e editor gaúcho, ganhou fama nacional no fi nal dos anos 1990. Nessa época, aproveitando a proximidade da efeméride dos 500 anos do descobrimento do Brasil, lançou os volumes iniciais a coleção Terra Brasilis. 1 O impacto do seu sucesso, com os quatro primeiros livros vendendo em torno de um milhão de cópias, foi recebido com polêmica entre os historiadores profi ssionais. Seus trejeitos caricatos, suas frases bombásticas, seu linguajar coloquial e, sobretudo, sua ironia, com certeza contribuíram para alimentar as restrições dos acadêmicos em relação aos seus escritos, que, curiosamente, em pouco lembram a personalidade histriônica de seu criador. "Acredite no que escrevo, não no que falo", é uma frase que gosta de repetir. Desconsiderar o aviso e ouvi-lo, no entanto, talvez possa ser bastante revelador.Esta entrevista foi realizada em março de 2010. Ela é resultado de uma série de encontros. Neles Bueno falou sobre sua carreira de jornalista, lembrou seus tempos como editor, tentou explicar o mercado do livro -sempre provocando e intimando os historiadores a se inserirem nele. Ao longo das horas de gravação, revelou detalhes do processo produtivo de seus textos, desde o papel dos consultores técnicos até as recomendações do editor.
Este artigo interpreta o conceito de história em Alfonso X de Castela (séc. XIII) desde o ponto de vista das expectativas relativas às apresentações de suas estorias nas cortes. Para tanto, aproxima a Estoria de España e a General Estoria da prática trovadoresca e do universo conceitual jurídico que a regulamenta na Segunda Partida. No nível teórico, a análise mobiliza um diálogo entre a história dos conceitos e os estudos de performance. O debate converge com respeito à centralidade das práticas corporais para a agência dos conceitos na vida material, o que indica: 1) a emergência politicamente orientada do presente no passado, via paralelos, e do passado no presente, via performance; e 2) a tensão entre história e poesia na composição de um discurso que se quer verdadeiro. Por fim, defende-se a importância da mobilização dos múltiplos sentidos do conceito de retraer para a compreensão da conexão entre a crise do reinado e a modificação semântica do conceito de história alfonsino.
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