Na costa oceânica do Rio Grande do Sul, muitos dos segmentos costeiros que estão em processo de erosão vem sendo urbanizados. O estudo do impacto de eventos de alta energia de onda em segmentos que apresentam dunas defrontantes a áreas urbanas é importante visando consolidar o estado da arte em relação a erosão costeira, e ao mesmo tempo para alertar sobre os problemas que podem ser ocasionados decorrentes da ocupação muito próxima do oceano. Este trabalho visou caracterizar a retração das dunas frontais como resultado da ação de um evento extremo de energia de onda ocorrido em outubro de 2016 na costa central e sul do Estado do Rio Grande do Sul, especificamente nos balneários Mostardense, Praia do Farol, balneário Praia do Mar Grosso, balneário Cassino, balneário Hermenegildo e Praia das Maravilhas. Para isto, foram analisadas fotografias aéreas verticais e oblíquas de alta resolução obtidas com auxílio de uma aeronave remotamente pilotada (drone), coletadas antes e após o evento, bem como dados meteo-oceanográficos. O evento ocorrido pode ser considerado como evento extremo de alta energia de onda. A altura significativa de onda (Hs) superou os 5 m próximo à costa e, em águas mais profundas, a altura significativa superou 6 m, com altura máxima (Hm) acima de 10 m, valores não descritos nos últimos 40 anos nesta costa oceânica. O período das ondas (Ts) foi de 15 s. O referido evento gerou uma retração média das dunas frontais entre 4 e 21,8 m em média nos segmentos analisados e em certos locais houve mais de 40 m de retração da linha de costa. No entanto, houve variações nas taxas encontradas nos seis segmentos analisados. As maiores taxas ocorreram nas duas áreas mais ao norte (13,8 m em média em Mostardense e 21,8 m na Praia do Farol). As características naturais do local, com costa voltada para sul, barreira com tendência retrogradante e dunas preservadas, favoreceram a ação da alta energia de onda na costa. Nas áreas com barreira progradante e influência estuarina (Mar Grosso e Cassino), também houve retração das dunas frontais, tendo taxas de retração menores que Mostardense e Praia do Farol (9,6 m em Mar grosso e 4m na praia do Cassino). Especula-se que nos balneários mais ao sul, as taxas (9,9 m no Hermenegildo e 8,8 m em Maravilhas) não tenham sido maiores pela presença de estruturas de contenção à erosão no Hermenegildo e turfas em Maravilhas, o que provavelmente contribuiu na redução da taxa de recuo das dunas frontais nestas áreas. A descrição deste processo erosivo intenso é importante para o planejamento da ocupação costeira no sentido de identificar que a variação da linha de costa, neste caso a retração do limite entre a praia e a duna frontal, não é um processo linear, mas sim em muitos casos uma resposta a eventos de alta energia de onda, sobretudo os chamados eventos extremos.
Determaning shoreline response to meteo-oceanographic events using remote sensing and unmanned aerial vehicle (UAV): case study in southern Brazil.
ResumoNeste estudo foi realizado um monitoramento mensal, entre junho de 2016 e junho de 2017, da linha de costa e das dunas frontais no balneário Mostardense. Este segmento de costa situa-se no litoral central do Estado do Rio Grande do Sul, localidade que segundo trabalhos anteriores, sofre com a alta mobilidade eólica e com os efeitos do processo de erosão costeira. Este processo move a linha de costa em direção ao continente, sobretudo sob a ação de tempestades, ameaçando as ocupações mais próximas do limite praia-duna. Para a realização deste trabalho foram utilizadas um total de 258 fotografias aéreas obtidas em campo mensalmente a partir de um VANT (DJI® Phantom 3 Professional) para construção de ortofotomosaicos. Adicionalmente foram coletadas fotografias oblíquas (200), além de dados derivados de dois ondógrafos e de uma estação meteorológica, buscando compreender melhor as taxas de mobilidade da linha de costa, fruto da erosão e recomposição das dunas frontais. Os cálculos de variação de linha de costa foram realizados a partir do método do polígono de mudança. Os resultados demonstram a dinâmica da linha de costa, com destaque para um recuo significativo quando da passagem de um evento extremo de ondas do quadrante S ocorrido em outubro de 2016, onde houve recuo médio de linha de costa de 13,8 m entre outubro e novembro do mesmo ano. Também foram identificados períodos de recomposição das dunas frontais por ação eólica, sob o domínio de ventos de NE. Porém, durante o monitoramento realizado, não houveram taxas significativas de recomposição se comparadas com as de recuo. Os resultados obtidos também apontam para as potencialidades da utilização da ferramenta VANT em estudos de morfodinâmica costeira, podendo ser utilizado tanto para análises qualitativas (fotografias oblíquas) como para análises quantitativas (fotografias verticais). Palavras-chave:Limite praia-duna; erosão costeira; VANT (drone); método do polígono de mudança; dunas frontais. AbstractIn this study a monthly monitoring was carried out between June 2016 and June 2017 of the coastline and frontal dunes in Mostardense beach. This coastal segment are located on the central coast of the State of Rio Grande do Sul, locality which, as demonstrated by previous works, suffers from the high aeolian mobility and the effects of the coastal erosion process. This process moves the coastline towards inland, especially under the action of storms, threatening the occupations closest to the beach dune limit. For the accomplishment of this work, were used a total of 258 field photographs taken monthly from a UAV (DJI® Phantom 3 Professional) for orthophotomosaic construction. Additionally, oblique photographs (200) were collected, as well as data derived from two wavebuoys and a meteorological station, seeking to better understand the mobility rates of the shoreline, due to erosion and recomposition of the frontal dunes. The calculations of coastline variation were performed using the change polygon method. The results demonstrate the dynamics of the sho...
Histórico de antropização e supressão das dunas no balneário Hermenegildo,
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