LondonR e s u m e n Nas ultimas décadas, a religião Afro-brasileira Candomblé atravessou um longo processo de patrimonialização. Esse processo tem girado entorno da noção de axé, ou poder ancestral, incorporado em templos, objetos e pessoas. Algumas variantes rituais ou "nações" do Candomblé tem tido mais sucesso que outras em reproduzir o seu poder ancestral, virando também mas identificáveis como objetos de cultura e patrimônio. Nesse artigo vou contrastar esse processo como outro que poderia ser visto como seu oposto: a "naturalização" dos rituais, objetos, espíritos que aparecem no Candomblé como eventos inéditos, novas entidades "naturais", milagres e lugares de peregrinação, mas no fundo são repetições de antigos mitos e lugares que tem sido conscientemente esquecidos como tais, virando dessa forma irreconhecíveis como objetos de patrimônio.[Arte, Afro-Latino Americanos, Brasil, Candomblé, Religião]
A b s t r a c tIn the last decades, the Afro-Brazilian religion Candomblé has undergone an extensive process of patrimonialization. This process has been focused on the notion of axe, or ancestral power, embodied in temples, objects, and people. Some ritual variants of Candomblé have been more successful than others in the reproduction of this ancestral power, becoming also more easily identifiable as objects of culture and patrimony. In this article, I will contrast this process with what in many ways is its opposite: the "naturalization" of some rituals, objects, spirits, which appear in Candomblé as unprecedented events, new "natural" entities, miraculous sites, and places of pilgrimage, but in fact are iterations of old myths and places that have been consciously forgotten