Este artigo dedica-se à caracterização de um repertório espacial próprio de regiões de várzea amazônica, para discutir a assimilação dos territórios da várzea pela lógica exógena de urbanização contemporânea. O texto caracteriza espacialmente a ocupação de várzea a partir de três casos: Belém, polo metropolitano; Mocajuba, município afetado pela UHE Tucuruí, e Afuá, município ribeirinho do arquipélago do Marajó, para explorar analogias de ocupação nas três escalas de aglomeração. Dentre os casos analisados, evidencia-se a articulação dialética entre campo e cidade em diversas trajetórias: as tipologias de várzea ocuparam as baixadas da capital e, estigmatizadas como espaço da pobreza e precariedade, justificaram aterros e macrodrenagens, alimentando o desejo de modernizar as várzeas urbanas da pequena Afuá, ou das vilas de Mocajuba, que davam suporte à abundante e resiliente vida ribeirinha.
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