O objetivo deste artigo é analisar os discursos presentes em documentos elaborados por organismos internacionais e governos locais que orientam as políticas voltadas para a educação infantil, com base na concepção de educação como política pública, projeto de governo sob responsabilidade do Estado e direito de todos. A partir do referencial analítico de políticas desenvolvido por Roger Dale, concentramos nossas análises nos textos de diferentes documentos produzidos, sobretudo, pela UNESCO e pela UNICEF. O objetivo foi identificar as indicações desses organismos para a educação infantil e suas implicações na efetivação da política local. As análises demonstram que o deslocamento interpretativo da questão social no contexto latino-americano embasa a orientação, recorrente nos documentos, de adoção da educação infantil como estratégia de combate à pobreza e, desse modo, como uma via para promover a equidade social. A repercussão de tal indicação nas políticas locais para a educação infantil, especialmente no que concerne à universalização desse direito, é alarmante, visto que as análises apontam um movimento de ampliação de perspectivas conservadoras e excludentes que acabam reforçando a segmentação da educação das crianças menores de 6 anos.
Resumo Neste artigo são analisadas as indicações dos Organismos Internacionais objetivadas via projetos e programas na América Latina para a Educação Infantil. Foram analisadas três iniciativas em ação, buscando apreender as concepções e lógica que as sustentam, bem como suas similitudes e divergências. A análise fundamentou-se no referencial analítico de políticas de Roger Dale e nos estudos de Shiroma, Campos e Garcia. Concluiu-se que a educação é tomada como estratégia fundamental para gerar equidade; e a Educação Infantil, como estratégia privilegiada para interromper aquilo que designam como "círculo vicioso da pobreza", suplantando-se a concepção de Educação Infantil como um bem público de direito de todas as crianças e famílias.
a Educação das crianças pEquEnas como Estratégia para o "alívio" da pobrEza* Rosânia Campos** Roselane Fátima Campos*** RESUMO O objetivo desse artigo é discutir as indicações destinadas à educação infantil produzidas por organismos internacionais. De modo específico, analisamos dois projetos em ação na América Latina, sendo um coordenado pela Unesco e outro pela OEI. Neste trabalho, estudamos os principais documentos produzidos no âmbito desses projetos, observando as concepções e a lógica que os sustentam, suas divergências e similitudes. Segundo as indicações destes, a educação infantil é uma importante estratégia no combate à pobreza e um meio para promover a equidade, sendo seu foco as crianças e famílias que vivem em "situação de vulnerabilidade social". Em consequência, a educação infantil é caracterizada como um serviço, afastando-se da concepção de um bem público que deve ser garantido como direito às crianças e famílias.Palavras-chave: Educação infantil. Políticas públicas. Organismos internacionais. Educação e redução da pobreza.
Este artigo tem como objetivo analisar o Programa Família Brasileira Fortalecida, patrocinado pelo Unicef e adotado pelo governo brasileiro como estratégia para ampliar a oferta de atendimento para crianças de 0 - 3 anos. Esse programa encontra-se fortemente vinculado às orientações produzidas por organismos multilaterais, tais como Unesco e Unicef, ratificadas nos diversos fóruns que reúnem governantes da América Latina e Caribe (OEA, OEI). O programa brasileiro sustenta-se em um conjunto de concepções e recomendações destinadas diretamente às famílias que passam a ser mediadoras na educação das crianças. Constatamos que, por meio desse programa, procura-se imprimir novas normas de conduta, administrando e disciplinando as práticas e as estratégias socializadoras das famílias pobres, transformando o espaço familiar em um espaço pedagogicamente orientado. O Programa visa ainda à administração da pobreza, diminuindo as disparidades sociais e à promoção de um ambiente de educabilidade familiar, considerado como essencial para o posterior sucesso escolar da criança.
A formação de professores é estratégica nos processos de mudanças educacionais e, mais fortemente, quando elas se referem às práticas pedagógicas nas escolas. Entre 2009 a 2017, iniciativas governamentaisobjetivaram instituir uma política nacional de formação de profissionais do magistério da educação básica e, com a aprovação da BNCC em 2017, foi estabelecida a articulação entre dois pilares – currículo e formação – como condição necessária ao desenvolvimento de uma educação de qualidade. Neste artigo, analisamos as orientações governamentais para a implementação da BNCC, procurando evidenciar a ação de redes empresariais que se constituíram, nos últimos três anos, nos principais interlocutores do governo e destacar as estratégias empresariais de formação continuada dirigidas, em particular, para profissionais da educação infantil.
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