Pesquisa realizada em cozinhas hospitalares e institucionais do Município de Florianópolis, SC (Brasil) sobre a presença de Campylobacter em fezes de manipuladores de alimentos, demonstrou que a média de portadores foi de 6,2%. De um total de 177 indivíduos pesquisados, os manipuladores assintomáticos, em cozinhas institucionais apresentaram índice de contaminação superior àquele registrado em cozinhas hospitalares, ou seja, 10,5 e 2,2%, respectivamente. Dentre os portadores, constatou-se uma estreita relação entre manipuladores do sexo masculino e faixa etária, que ficou entre 20 e 35 anos de idade. Observou-se forte indicativo, sugerindo maior prevalência de Campylobacter spp em fezes de manipuladores do sexo masculino do que aquele do sexo feminino. Constatou-se, igualmente, uma certa tendência vinculando o grau de escolaridade do manipulador com seu estado de portador.
Campylobacter
IntroduçãoVêm sendo amplamente estudadas nos últimos anos algumas espécies do goner Campylobacter, notadamente C. jejuni, C. coli e C. landis, devido ao papel que desempenham no contexto das doenças humanas provocadas pelo consumo de alimentos contaminados 32 .Nos países desenvolvidos, o Campylobacter jejuni não é normalmente encontrado como participante da flora. Ao contrário do que se observa em países em desenvolvimento, onde o saneamento básico é precário, e este microrganismo é isolado com freqüência bastante elevada de indivíduos assintomáticos 4,7,16 .No Brasil também tem sido observada a presença de C. jejuni e C. coli em indivíduos sem sintomatologia clínica, demonstrando a existência de portadores assintomáticos desses microrganismos 13,19 .O aumento do número de doenças de origem alimentar deve-se, por um lado, à demanda elevada e constante de alimentos nos grandes centros urbanos e, por outro, à crescente necessidade de mão-de-obra, não raro, desqualificada. Soma-se a isso a introdução de novos tipos de produtos alimentícios e de embalagens, bem como a tendência atual de se consumir alimentos crus ou pouco cozidos visando à manutenção da qualidade nutricional e organoléptica dos mesmos.Por tudo isso, os alimentos têm sido responsabilizados em muitos casos de toxinfecção, freqüente-mente ocorrendo em pequenos grupos de pessoas; porém essas evidências são circunstanciais, uma vez que o cozimento é capaz de destruir a grande maioria de patógenos contaminantes de alimentos.