A partir dos princípios da teoria materialista dos processos discursivos, o presente trabalho constrói-se sobre o objetivo geral de analisar as representações imaginárias sobre o trabalho no discurso governamental e, em decorrência dessas, suas inter-relações com outras, as de trabalhador. Em recorte, dedicamos nosso gesto de leitura ao Pronunciamento de 1º de maio de 1943 de Getúlio Vargas endereçado aos trabalhadores brasileiros. Às análises, apreendemos como regularidade o funcionamento de três imaginários de trabalho na ordem do discurso do governante, o de trabalho como força-motriz para consolidar o Estado, o de trabalho como meio de dignificação do trabalhador frente ao Estado e frente ao governante e o de trabalho como base para a edificação do bem-estar da sociedade. Imagens que recalcam a luta de classes e negam ideologias dissidentes em prol da “coesão nacional” e do “bem comum”. Em seu funcionamento, algumas marcas enunciativas são regulares, como a dêixis articulada à designação. Ao serem tomadas como pistas discursivas, assumem a ordem de semblante de reversibilidade em um discurso que, pela evidência, mostra-se aberto ao outro, mas, em última instância, faz uso deste fetiche para injungir a esse mesmo outro os imaginários que (re)produz.
Ancorado no gesto de abertura proposto por Orlandi (1990) em sua obra Terra à Vista, este artigo propõe-se a analisar a construção discursiva (imaginária) do trabalho nos pronunciamentos públicos de 1º de Maio de Getúlio Vargas. As materialidades em análise, constituídas pela ideologia de Estado personalista, remetem à razão novo-estadista, período ditatorial marcado por uma tentativa de modernização da nação brasileira. Baseado, fundamentalmente, nos princípios epistemológicos da Análise de Discurso materialista, fundados por Pêcheux e atualizados/territorializados por Orlandi, o trabalho atenta às imagens de trabalho pelo viés do pré-construído, funcionamento específico do interdiscurso que se marca na linearidade linguística como um impensado do pensamento, à revelia do sujeito. O gesto analítico levado a efeito pontua que o trabalho é imaginariamente construído como matriz que consubstancia os demais imaginários sociais, estando diretamente imbricado à representação das classes, da economia, do governo e da nação. O funcionamento da memória, social (PÊCHEUX, [1975] 2014; ORLANDI, 1990; 2003) e afetiva (SILVA, 2012), por via de retorno, marca no funcionamento sintático a reinserção do interdiscurso, fazendo emergir os pré-construídos (i) da produção e do consumo como motrizes da economia, (ii) da dignificação do trabalhador pelo trabalho frente à figura personalista do governante e o (iii) da colaboração de classes (em denegação dos litígios sociais).
Este trabalho, filiado à área de Linguística Aplicada Crítica e aos Estudos Decoloniais, problematiza a produção de materiais didáticos para o ensino de espanhol que promovam o letramento intercultural (DOMINGO, 2011; 2015). Defendemos que os materiais didáticos para o ensino de espanhol em zonas fronteiriças, bem como em regiões onde há contato linguístico e cultural, devem ser suleados (Campos, s/d), decoloniais (WALSH, 2017) e capazes de incluir narrativas críticas e insurgentes. Na primeira parte do artigo, refletimos sobre a experiência de produzir materiais culturalmente sensíveis aos sujeitos e aptos a promover o letramento intercultural. Posteriormente, analisamos uma unidade didática afro referenciada elaborada no âmbito do Projeto de Pesquisa Elaboração de material didático para o ensino de espanhol em regiões fronteiriças. O estudo finaliza sugerindo pautas para o desenvolvimento de materiais didáticos em perspectiva decolonial.
O presente artigo analisa a presença do discurso-outro no processo de subjetivação de sujeitos que sofreram gordofobia, atentando para o funcionamento do discurso relatado na materialidade significante. A partir da análise de sequências discursivas recortadas de um depoimento, colocado em circulação no âmbito do projeto Não Tem Cabimento, observamos que a imagem que os sujeitos que sofreram gordofobiaproduzem de si está intimamente atrelada à imagem que o outro expõe sobre seu corpo.A relação do sujeito com esses enunciados-outros, contudo, se dá através de mecanismos de negação. O sujeito se distancia do discurso do outro através do uso das aspas, ironizando-o, expondo as suas contradições, mas sem subvertê-lo ao assumir um lugar próprio de enunciação.
RESUMO Este trabalho versa sobre a imbricação entre escrita e testemunho a partir da obra Retrato Calado, de Luiz Roberto Salinas Fortes. Embora “evidente”, trata-se de uma relação que carrega uma particularidade: aquele que escreve o faz questionando-se sobre o papel de sua enunciação, sobre as significações que a língua inscreve sobre si mesma e sobre a violência. Pautado nos princípios da Antropologia da Enunciação, tal como Flores1 a propõe, o gesto analítico levado a efeito assume a linguística como um conhecimento sobre o homem em sua propriedade loquens, especificamente no instante em que se singulariza no/pelo discurso.
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