Este artigo estabelece reflexões acerca dos efeitos do determinismo ecológico dual sobre a formação social brasileira. Realizada a partir de fontes bibliográficas, a pesquisa funda-se no olhar crítico do pensamento pós-colonial, na semiosis colonial e na perspectiva da interação sociedade-natureza da historia ambiental, a fim de desconstruir os signos de dominação disseminados na representação dual da natureza no Brasil. Desde o período colonial a representação de natureza ocorreu numa perspectiva dual: paraíso provedor de riquezas, e/ou fator limitante à sociedade; ambas representações tributárias do determinismo ecológico, fundado, sobretudo, na ideia aristotélica dos trópicos como fator limitante às sociedades e na Teoria do degeneracionismo. Esse dualismo originou-se a partir da visão utilitarista e externalizada da relação sociedade-natureza, durante o processo de dominação colonial. Influenciou a construção do “ser brasileiro”, já que as identidades do povo brasileiro estiveram associadas a noção de selvagem, florestas, meio ecológico e riquezas naturais, operando no modo como o brasileiro se vê, e é visto. Os resultados expõem que, se antes os signos da dominação colonial travestidos de “destino ecológico” eram externos, no presente encontram-se internalizados na mídia, literatura, ciência e na política, oferecendo barreira mental para a identificação das potencialidades e limites do meio ecológico, bem como o desenvolvimento de uma sociedade com elevada sustentabilidade.
O tempo é uma criança que brinca, movendo as pedras do jogo para lá e para cá, governo de criança." 5 RESUMO: Este trabalho busca dar continuidade à elaboração de uma perspectiva complexa na geografia. Pressupondo o espaço-tempo socioambiental um co-produto do holomovimento criativo da natureza (LOIOLA, 2010, p.12), argumenta-se que objetos, ações e processos naturais inscrevem marcas materiais e imateriais, convertendo-se em expressões potencias de memórias socioambientais. Ao interagir recursiva e retroativamente com o acontecer presente, as marcas pretéritas não o determinam, porém, orientam a materialização de possibilidades em novas realidades. Tal conversão é evidenciada aqui no uso de marcadores espaço-temporais por sociedades modernas e tradicionais, como resultante de acúmulos de saberes histórico-sociais, extraídos de regularidades celestiais, ciclos ambientais, sociais ou mitos.
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