Resumo O mundo do trabalho contemporâneo se revela um cenário formado por diferentes contextos (global, de sociedade e cultura, de origem e de trabalho) que marcam trajetórias de carreira individuais e coletivas. Todos esses contextos trazem a historicidade das construções de gênero e constituem mobilidades no labirinto que tensionam fronteiras nas carreiras de mulheres. Considerando a lacuna de estudos que articulam carreira, mobilidade e gênero, este artigo teórico argumenta que a mobilidade, sobretudo geográfica e social, pode ter reduzida disponibilidade para mulheres, em razão de fronteiras que engendram pontos de imobilidade, ancorados por relações socioculturais, políticas, organizacionais e biológicas. Estas são manifestadas por: a) restrições à liberdade em alguns países; b) configurações familiares; c) expectativas relativas à maternidade e atividades de cuidado de crianças e pessoas idosas - socialmente atribuídas às mulheres; d) teto de vidro organizacional; e e) pouca representatividade em cargos de poder. A formação dessas imobilidades leva à produção de um sedentarismo, por vezes involuntário, que impõe barreiras simbólicas e vivenciadas em labirintos em sua trajetória profissional. Mobilidades no labirinto são desorientadas do caminho seguro das carreiras tradicionais, em termos de tempo e espaço, e incertas quanto às possibilidades nos novos modelos de carreira. Carreiras são campos históricos, dinâmicos e em processo de mudança, assim como gênero. O imperativo das carreiras móveis e as (im)possibilidades do ponto de vista dos marcadores sociais de diferença se mostram oportunos para debates críticos e um aprofundamento teórico e empírico quanto às suas limitações.
A relação entre juventude e trabalho é um elemento importante para compreender as relações sociais de determinado período. Na sociedade ocidental, o ingresso do jovem no mundo do trabalho está entre os marcos de passagem para a vida adulta (GALLAND, 2007). Porém, as mudanças ocorridas na esfera laboral trouxeram signifi cativas mudanças para os jovens, levando à ampliação do tempo de estudos e ao adiamento do ingresso no mercado de trabalho, sobretudo nos países desenvolvidos (GALLAND, 2000;COHEN, 2007). Nos países periféricos, essa tendência ocorre entre as famílias de maior poder aquisitivo, e os jovens mais pobres, geralmente, engrossam as fi leiras dos desempregados (OIT, 2011).Como consequência, constrói-se um duplo discurso: o primeiro de despadronização do curso de vida e a fragmentação das trajetórias biográfi cas (DIB; CASTRO, 2010); o segundo, mais frequentemente adotado pelos autores da área de Administração e amplamente divulgado na mídia de negócios, aponta o surgimento de uma nova geração, com comportamento diferente, que demanda uma mudança nas formas de gestão (VELOSO; DUTRA, 2008;VASCONCELOS et al., 2010;POUGET, 2010). Estes jovens integram a chamada Geração Y, grupo defi nido a partir de uma delimitação etária (nascidos a partir de 1978) e por um conjunto de comportamentos relacionados ao ritmo de mudança, elevada interatividade, rapidez no acesso à informação e entendimento do mundo.Enquanto os conceitos ligados aos grupos geracionais anteriores (Babyboomers, Geração X) tiveram pouca repercussão nos estudos realizados no Brasil, atualmente, a discussão sobre a Geração Y tem crescido nas diferentes mídias, com maior destaque nas redes sociais. Segundo tais estudos, os jovens dessa geração -por terem vivido muitas mudanças em diversos setores da sociedade -têm uma única certeza, a imprevisibilidade dos acontecimentos (CLARO et al., 2010). Para autores dessa corrente (TULGAN, 2003;LOMBARDIA et al., 2008;POUGET, 2010), as rápidas transformações ocorridas no ambiente de trabalho fi zeram com que os jovens despertassem para a necessidade de estar sempre atualizados para manterem-se competitivos diante do restante da força de trabalho. As organizações cada vez mais têm a presença de jovens em seu comando, o que leva à adoção de novos modos, normas e valores de trabalho. Esses jovens têm uma nova forma de ser e agir em sociedade, principalmente no que se refere à relação com o trabalho, o que traz uma série de novos desafi os para mantê-los nas organizações, bem como amenizar os confl itos geracionais que possam surgir. Por ser uma geração que nasceu na era da tecnologia, na maior parte das vezes, esses jovens acompanham e dominam seus avanços.Essa "nova geração" tem sido considerada um dos grandes desafi os para a gestão de pessoas nos próximos anos (BARRETO et al., 2010), levando o tema a ganhar espaço nas discussões acadêmicas (VELOSO; DUTRA, 2008;VASCONCELOS et al., 2010). No entanto, o conceito de Geração Y tem sido incorporado aos estudos nacionais tal como se apresenta nos estudos internacionais...
Atualmente os estágios representam uma forma de "inserção profissional organizada", estruturada na convergência dos sistemas educativo e produtivo, em que a escola/universidade já incorpora à formação aspectos de aprendizado prático, preparando a socialização para o trabalho. Para compreender como essas transformações têm se refletido no processo de ingresso no mundo do trabalho, este estudo tem por objetivo analisar a inserção profissional dos estudantes de Administração a partir da experiência de estágio em Porto Alegre e região metropolitana. A pesquisa seguiu uma orientação construtivista. Foram entrevistados 32 estudantes dos cursos de graduação em Administração que relataram suas experiências de estágio, apontando suas implicações para a inserção profissional e suas expectativas de carreira futura. Na análise, nota-se que, apesar do caráter de formação, o estágio nem sempre representa a etapa inicial do processo de inserção profissional, pois, pelas entrevistas, verifica-se que a primeira experiência profissional dos estudantes nem sempre está relacionada com o curso de formação e normalmente vincula-se à busca pelo conhecimento do mundo do trabalho ou à independência financeira dos pais. Os estágios tornam-se centrais quando o jovem procura experiência profissional relacionada à sua área de formação. Nesse momento, nota-se a influência das expectativas individuais, pois, numa forma institucionalizada de inserção e dentro de um mesmo grupo juvenil, devem ser consideradas as diversas trajetórias possíveis. Verifica-se que não há uma possibilidade única e generalista para compreensão desse processo, pois uma diversidade de caminhos se origina a partir da experiência de estágio, tornando ainda mais complexa a compreensão do conceito de inserção profissional.
Resumo Este trabalho objetiva apresentar e discutir os conceitos de Gilberto Velho, bem como a forma pela qual estes possibilitam o aprofundamento teórico e novas perspectivas para os estudos de carreira, com vistas a uma elaboração interdisciplinar para compreender carreiras de indivíduos ou de coletividades. Para tanto, revisamos as noções de Gilberto Velho sobre projeto, campo de possibilidades, negociação da realidade e metamorfose, bem como as noções de carreira, com especial enfoque no interacionismo de Everett Hughes. Com a análise dos entrelaçamentos conceituais expostos, avançamos na discussão teórica dos estudos de carreira apresentando: como o campo de possibilidades se relaciona com os aspectos objetivos e subjetivos de uma carreira; como os conceitos de negociação da realidade e metamorfose permitem analisar conflitos e dilemas que emergem do sujeito que transita por diferentes mundos; como a noção de projeto pode ser vinculada à recursividade entre indivíduo, grupo e instituição; e como a memória pode ser utilizada como conceito de dinamismo temporal para a compreensão da carreira. Destas conjugações, propomos uma nova noção de carreira. Por fim, apresentamos uma agenda de pesquisa necessária para ampliar, aprofundar e aperfeiçoar os conceitos arranjados e propostos neste artigo.
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