O território usado é a expressão da divisão territorial do trabalho e se revela nos lugares. A metrópole de São Paulo apresenta-se como um lugar complexo pela acumulação de divisões territoriais pretéritas, que se impõem às novas ações. A cidade torna-se lugar de abrigo das etapas dos mais diversos circuitos espaciais de produção, sendo alguns de alcance planetário e outros com atuação mais regional. O circuito espacial de produção do vestuário tem sua centralidade em São Paulo porque esta disponibiliza, por um lado, atividades sofisticadas e modernas, pertencentes ao circuito superior e, por outro, concentra atividades da própria produção, caracterizadas como circuito inferior — que, muitas vezes, são invisíveis. Desse modo, apresentamos uma análise da dinâmica urbana da cidade, destacando os agentes invisíveis do ramo do vestuário, sem desconsiderar a articulação entre estes e os agentes do circuito superior na compreensão da cidade como totalidade, onde pobreza e riqueza não se dissociam.
Este artigo objetiva mostrar como o processo de criação de novos municípios no front agrícola do território brasileiro, em especial no estado do Mato Grosso, conecta-se ao uso dado a esse subespaço do território. Além disso, este artigo destaca que a dinâmica de criação de fronteiras internas municipais no front está associada à formação de uma nova elite, a elite do agronegócio. Essa elite comanda a parcela técnica do circuito espacial de produção e parte do círculo de cooperação da produção de commodities, utilizando o Estado, em suas diferentes escalas, para manter-se como elite e promover a atividade econômica que domina a região. Isso resulta na existência de uma conformação do uso corporativo do território que, além de atender aos interesses da elite do agronegócio, também atende aos interesses das grandes corporações. Palavras-chaves: Criação de município; Front; Agronegócio; Elite; Uso do território.
O enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe medidas de isolamento social e muitas normatizações para regular as sociabilidades urbanas, gerando muitos conflitos em razão das exigências por mudanças aceleradas dos comportamentos no quotidiano das cidades. Assim, além das frentes de combate que procuram o tratamento adequado aos pacientes infectados e a busca de vacinas eficazes contra a Covid-19, o combate à disseminação da doença envolve outra linha de frente, a que abarca as questões das mudanças dos comportamentos, dos hábitos, do modo de vida nas cidades e do meio geográfico.Um ano após o decreto de pandemia da Covid-19 2 , tais questões se tornam salutares. Notificações de festas clandestinas, aglomerações em praias e em shoppings, conflitos 1 Este texto resulta do Projeto de Pesquisa, Ensino e Extensão intitulado "Espaço urbano e a pandemia da COVID-19: conflitos e mudanças das sociabilidades urbanas", financiado pelo Edital PROPPI -PROGRAD -PROEX Nº 04/2020/ UFF 2020, por meio de bolsas concedidas às estudantes participantes do projeto. 2 Este texto foi finalizado no momento em que completamos um ano do decreto da pandemia e quando o Brasil bateu o recorde do número de mortes em um único dia. Em 26 de março de 2021, foram 3.650 mortes, acumulando 307.112 óbitos desde o início da pandemia. Informações disponíveis em: https://covid.saude.gov.br/. Nesse momento, os hospitais de quase todos os estados estão entrando em colapso, com UTIs atingindo 100% de ocupação e falta de medicamentos para intubação e profissionais de saúde.
Resenha da obra: ARROYO, Mónica; ANTAS JR., Ricardo Mendes; CONTEL, Fabio Betioli (Orgs.). Usos do território e pandemia. Dinâmicas e formas contemporâneas do meio técnico-científico informacional. Rio de Janeiro: Consequência Editora, 2020.
A obra contém em seu escopo inquietações analíticas e de método sobre as transformações vivenciadas pelo território brasileiro com a pandemia da Covid-19. Os textos possuem uma autonomia-dependente, ou seja, podem ser lidos autonomamente. No entanto, estão integrados e compõem um conjunto coeso do ponto de vista analítico e teórico. Como caminho incontornável da construção desta resenha, apresentamos brevemente cada capítulo: na primeira seção, “Uma leitura autônoma dos capítulos”; na segunda seção, “O conjunto da obra: mais que a soma das partes”, apresentamos uma apreciação global do livro.
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