Nos últimos anos, observa-se no cenário urbano brasileiro o cruzamento entre novas formas de espiritualidade e práticas terapêuticas alternativas. Diferentes denominações têm sido utilizadas para definir tais experiências. Diversas publicações antropológicas e sociológicas, porém, já convencionam tratar o fenômeno com a denominação geral de culturas da Nova Era. Neste texto, pretende-se realizar uma reflexão, do ponto de vista terapêutico, sobre este tipo de trabalho e também sobre o exercício espiritual, além dos procedimentos visando ao alívio e à cura dos males ou sintomas no interior desse universo. Questões como a noção de trabalho, o espaço e os comportamentos ritualísticos, o tempo ritual e o tempo terapêutico, a relação terapêutica, as performances narrativas, os mediadores simbólicos, a relação entre mitos coletivos e narrativas pessoais são discutidas e relacionadas aos significados deste tipo de trabalho. Observa-se que, no decorrer de cada processo de tratamento, o objeto da cura dá lugar ao indivíduo como um todo. Um dos sentidos do presente trabalho é o empoderamento do indivíduo e a emergência do sujeito.
Over the last few years, urban Brazil has seen the merging of new forms of spirituality with alternative therapeutic practices. Different labels have been used to define these experiences. Many anthropological and sociological publications, however, have already classified the phenomenon under the general rubric of New Age cultures. This text aims to reconsider this type of work - and the accompanying spiritual practices - from the therapeutic point of view, as well as examining the procedures used to alleviate and cure illnesses or symptoms. Issues such as the notion of work, ritual space and behaviours, ritual time and therapeutic time, the therapeutic relationship, narrative performances, symbolic mediators, the relation between collective myths and personal narratives are discussed and related to the central meanings of this type of work. The text concludes that each process of treatment involves substituting the object of the cure with the individual as a whole. One of the key meanings to emerge in the present work is the empowermnent of the individual and the emergence of the subject
Este artigo, apresentado originalmente no Encontro da Redefem em outubro de 2002, discute a seção de Dossiês da Revista Estudos Feministas, publicada desde o seu surgimento em 1992, fazendo um levantamento e uma breve descrição de cada um dos 24 dossiês publicados até agora. Foram priorizados o enfoque sobre o tema, a forma como o dossiê é apresentado e como se ele insere nas linhas gerais da Revista.Os Dossiês são uma seção da REF 1 dedicada ao diálogo e às articulações entre a produção acadêmica e intelectual e a militância, o ativismo e as políticas feministas em relação a temas específicos. São publicados tanto artigos e ensaios no estilo acadêmico, trazendo análises e reflexões teóricas quanto outros gêneros textuais, como testemunhos, relatos, entrevistas, entre outros, buscando dar uma panorâmica do tema em questão e defrontando reflexão teórica com práticas, ações e políticas feministas.Na trajetória da REF, esse diálogo e essas articulações entre a academia e a militância, passaram por diferentes momentos e assumiram diferentes formas. A própria escolha pelo nome Estudos Feministas para a revista é um indicativo do desafio que o coletivo de mulheres fundador da revista assumia a partir daquele momento. Certamente o dossiê é a seção mais representativa dessa tensão, é onde esses fluxos e refluxos do diálogo entre ativismo e produção acadêmica apresentam mais visibilidade. Esta questão está presente na revista como um todo e é constitutiva do próprio campo dos estudos feministas, não apenas pelas trajetórias de muitas mulheres, hoje professoras e pesquisadoras, que foram protagonistas dos movimentos e das lutas que antecederam e ajudaram a formar os estudos feministas e de gênero, mas também pelas implicações políticas e epistemológicas da própria existência dos estudos feministas. Mas se por um
This paper discusses gender issues present in the mental health field in Brazil developed during the de-institutionalizing process of psychiatric reform. It develops a data analysis from an ethnographic study conducted between 2010 and 2011, in the Brazilian cities of Joinville-SC and Barbacena-MG as well as in Turin, Trieste and Gorizia in Italy. The guiding questions for these discussions relate to the significant presence of gender in the experiences launched by the deinstitutionalization process along the psychiatric reform in Brazil, regarding the care practices and the modes of subjectivity of women and men as users of the services that substituted the psychiatric hospital.
Resumo O retorno ou devolução da pesquisa etnográfica não é um tema novo na antropologia e pelo menos desde os anos 1990 tem sido foco de análise e debate. A intenção deste artigo é, partindo do princípio de que são muitas as formas possíveis de devolução, retorno ou restituições da pesquisa etnográfica no campo da saúde, discutir o aspecto específico dessa devolução no caso de pesquisa feita no âmbito da atuação do Estado e das políticas públicas, ou seja, em que o campo de pesquisa é o próprio Estado. Os dados analisados advêm de uma pesquisa etnográfica desenvolvida por uma equipe de pesquisadoras/es desde 2006, que tem como foco fazer uma reflexão sobre as intersecções entre gênero, saúde e aflição a partir de uma abordagem do chamado “campo da saúde mental”. O foco da análise aqui apresentada é o contexto da reforma psiquiátrica no Brasil e duas dimensões da pesquisa desenvolvida nesse contexto: uma antropologia das políticas em saúde mental; e uma antropologia nas políticas públicas em saúde mental. As análises desenvolvidas apontam para a importância de confrontar as políticas públicas com as experiências sociais a fim de garantir uma avaliação qualitativa das próprias políticas públicas. Além disso, demonstram que a contribuição da antropologia vai além de instrumentalizar a aplicação dessas políticas, já que auxilia na construção de instrumentos teóricos e etnográficos para se repensar sua lógica interna.
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