A obra Desesterro (2015), da escritora contemporânea Sheyla Smanioto, narra a dura realidade de um grupo de mulheres do sertão nordestino, constantemente submetidas a variadas formas de violência. Na narrativa, também se observa a presença frequente da figura canina, imaginário que se confunde com a história das personagens da obra. Neste artigo, analisamos a função das imagens relacionadas à animalidade canina no enredo da obra juntamente com a dimensão social representada. Para tal fim, apoiamo-nos na teoria do imaginário, de Gilbert Durand (1992), na descrição dos símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (1988) e em outros autores que investigam as relações entre literatura e sociedade.
Nas últimas décadas, o corpo feminino tem sido ressignificado enquanto categoria analítica e compreendido em sua concretude sócio-histórica, não mais resumido em sua condição meramente biológica. Partindo deste pressuposto, o objetivo do presente artigo é analisar de que forma o corpo feminino é representado na literatura contemporânea de autoria feminina. Para alcançar este objetivo, orientamo-nos através dos fundamentamos da tipologia da representação do corpo nos textos literários escritos por mulheres, construída por Elódia Xavier, renomada estudiosa da área de literatura brasileira e feminina, no livro intitulado Que corpo é esse? O corpo no imaginário feminino (2021) — cujo título da presente pesquisa faz uma referência direta. A obra selecionada como corpus para a análise foi o premiado romance de estreia da autora contemporânea Sheyla Smanioto, Desesterro (2015), o qual narra a dura realidade de quatro gerações de mulheres do sertão nordestino, constantemente submetidas a variadas manifestações de violência. Os resultados alcançados apontam para a multiplicidade das representações das personagens femininas smaniotianas, as quais podem enquadrar-se em diferentes categorias corpóreas elencadas por Elódia Xavier. Sheyla Smanioto nos apresenta personagens que são fruto da violência com o intuito de denunciar e problematizar a naturalização de estruturas de dominação, além de evidenciar que existem outros caminhos e possibilidades para o corpo feminino.
O caráter sacrificial do corpo feminino: análise da representação da violência e sua relação com a simbólica animal na obra de Raduan Nassar 1 The sacrificial character of the female body: analysis of the representation of violence and the relation with the symbolic animal in Raduan Nassar's work
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