Este trabalho pretendeu analisar o controle e a ordenação posta pelo Crianceiras, um aplicativo literário no qual o jogador, sendo igualmente um leitor, tem suas ações e interações delimitadas pelas possibilidades do dispositivo jogo. Transcorremos, então, as ideias de limite, ordenação suscitada pelo jogo e as de manipulação, controle inclusa na noção de dispositivo. Outro ponto que também levantamos nessa nossa leitura foi a do leitor, ou melhor, do “jogador-leitor”, aquele que tem uma leitura permissível apenas após submeter-se às dinâmicas do aplicativo literário. Balizando este nosso trabalho, como aportes teóricas, usufruímos das observações do historiador Huizinga (2019) e do filósofo italiano Agamben (2005, 2009, 2017) sobre jogo e dispositivo, além dos estudos críticos referente a leitura em aplicativos literários de Kirchof (2020), Almeida e Segabinazi (2019, 2020). Todavia, a nossa intenção não foi reprovar ou proibir o uso do Crianceiras, muito menos emitir um juízo de valor estético e de qualidades literárias, mas, demonstrar como o sujeito, o “jogador-leitor”, e suas ações, a de jogar e ler, são perpassadas pela ordenação, controle, manipulação, regra, possibilidade, limites...
RESUMO:O processo de construção da identidade do povo preto no Brasil é atravessado por múltiplas dimensões sociais e históricas. Diante disso, falar da maternidade dessas mulheres coloca um desafio de pesquisa que é, obrigatoriamente interseccional, com questões de gênero, de raça e de classe interarticuladas. Esses processos precisam, assim, ser avaliados desde o olhar das relações estabelecidas no colonialismo e apropriação dos corpos e suas implicações nas vivências contemporâneas. Diante disso, o presente estudo busca compreender as particularidades das experiências de maternidades da mulher negra brasileira na contemporaneidade, verificando como a historicidade atravessa as experiências. O estudo foi conduzido por meio de uma pesquisa qualitativa netnográfica realizada através da escolha dos perfis da plataforma Instagram, coletando discursos sobre maternidade da mulher negra. Foram aplicados um conjunto de critérios de inclusão e exclusão, de modo a delimitar melhor o recorte, e os dados foram afunilados e analisados tendo como base o referencial teórico e a hermenêutica-dialética. Os resultados permitem destacar que as desigualdades de raça e classe estão presentes nas experiencias cotidianas de mulheres negras e mães. Além disso, a naturalização e universalização do modelo branco-burguês como parâmetro não contempla as experiências de mulheres não brancas. Garantir a subsistência, educação dos filhos e violências imputadas aos seus filhos e filhas são uma das diversas preocupações que mães negras precisam lidar. Recomenda-se que estudos futuros abordem perspectivas voltadas à pesquisação voltadas para a necessidade de descolonizar construções universalizantes e eurocentradas acerca da maternidade, as quais não retratam o protagonismo da população preta em saberes científicos construídos ao longo da história.
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