O objetivo deste artigo foi realizar uma revisão das publicações brasileiras referentes à voz do professor, produzidas por fonoaudiólogos, no período de 1994 a 2008. O estudo transversal, de natureza bibliográfica, foi realizado em três etapas. A primeira constou de levantamento em diferentes fontes; a segunda compreendeu a busca dos resumos de todos os trabalhos relacionados; na terceira, foi realizada leitura do material para classificação em quatro categorias: avaliação dos indivíduos; avaliação dos efeitos de intervenções; descrição de intervenções; e estudos bibliográficos/teóricos/documentais. Foram contabilizadas 500 publicações, sendo 415 (83%) referentes às categorias de avaliações e, dentre essas, 357 (86%) com objetivo de avaliação dos participantes e/ou das condições de trabalho e apenas 58 (14%) com preocupação de avaliar os efeitos de programas/intervenções. Quanto às dimensões de análise das avaliações, que em 202 estudos (48,7%) foram mais de uma, a perspectiva dos próprios professores foi a mais utilizada (52,5% das análises), seguida por análises perceptivo-auditivas realizadas por fonoaudiólogos (15,2%), e avaliação do ambiente e da organização do trabalho (14,9%). Na categoria denominada descritivos de intervenção foram encontrados 31 (6,2%) trabalhos e na categoria bibliográfico/teórico/documental, 54 (10,8%). A revisão realizada confirma que a perspectiva da avaliação vocal tem sido privilegiada nos estudos brasileiros. Avaliações de efeito de intervenções, mais recentes e ainda pouco representativas, indicam uma tendência de mudança de foco que pode auxiliar a compreensão da complexa realidade do uso da voz na docência, nortear futuras ações fonoaudiológicas e inspirar estudos sobre intervenção fonoaudiológica com esses indivíduos.
Determinar a associação entre distúrbio de voz e estresse no trabalho em professoras da rede municipal de São Paulo, Brasil é o objetivo deste estudo caso-controle, realizado com professoras com (n = 165) e sem (n = 105) distúrbio vocal. Foram utilizados os questionários Condição de Produção Vocal e Job Stress Scale. Os grupos são comparáveis nas variáveis de controle, diferenciando-se apenas quanto aos sintomas vocais. Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação ao estresse no trabalho na condição de alta exigência (OR = 2,1; IC95%: 1,1-3,9), que representa alta demanda associada a baixo controle do trabalho. Concluindo que a condição de alto desgaste associada ao grupo com distúrbio de voz, neste estudo, é a que apresenta maior risco de adoecimento físico e psíquico ao trabalhador. Ao perder a voz, o professor perde a possibilidade de manter-se em sua função, perde sua identidade profissional, o que coloca, em risco, a sua carreira como educador.
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