RESUMOA fissura labiopalatal repercute nos ambientes sociais, interferindo na sociabilização, no desenvolvimento da personalidade, no progresso educacional, na qualidade de vida. Como a reabilitação implica hospitalizações, o fissurado tem contato precoce com a enfermagem, que deve garantir assistência humanizada. Torna-se indispensável a atuação de uma equipe interdisciplinar especializada, abrangendo aspectos biopsicossociais do fissurado. Objetivamos compreender a experiência da criança e do adolescente fissurados, conhecer suas necessidades e atuar para seu esclarecimento e orientação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo método foi Análise de Conteúdo. Os sujeitos tinham 7-18 anos. Realizamos nove entrevistas. Apreendemos cinco categorias -Percepção da criança/adolescente frente à fissura; Dificuldades nas interações sociais; Experiência do tratamento da fissura; Entendimento sobre os motivos da fissura e Redes de apoio para superação. O choque emocional de malformações congênitas na saúde infantil/adolescência, na família e na sociedade é complexo, podendo comprometer o ajustamento psicossocial. A correção cirúrgica e o amadurecimento psicológico auxiliam na resiliência. Desvelar a experiência dos fissurados evidencia dificuldades, bem como possibilidades de atuação da Enfermagem junto a eles e suas famílias, aspectos importantes de serem conhecidos/utilizados para a melhora do cuidado prestado.Palavras-chave: Criança. Adolescente. Fenda labial. Fissura palatina. Enfermagem. INTRODUÇÃOA supervalorização da beleza impulsiona as pessoas à busca frenética pela forma perfeita. A aparência facial repercute profundamente nos ambientes sociais e nas relações estabelecidas, já que o primeiro contato se dá através da face. Assim, ter uma malformação constitui uma experiência desafiadora, não só de autossuperação das limitações, como também de enfrentamento da estigmatização e da exclusão impostas pela sociedade de maneira geral (1) . No Brasil a incidência das fissuras labiopalatais é de 1:650 nascidos, enquanto que no mundo é de 1:1000. A frequência das fissuras labiais e labiopalatinas é maior no sexo masculino, enquanto as que acometem somente o palato ocorrem em maior número no sexo feminino (2) As fissuras orais estão associadas a situações adversas para a saúde e para o bem-estar dos indivíduos afetados. Distúrbios comportamentais e problemas psicológicos podem surgir em crianças e adolescentes fissurados. A decisão de uma nova gestação em mães de fissurados também pode ser influenciada pela doença atual de seus filhos (3) . Indivíduos com fissuras orais podem ter dificuldades na alimentação, na fala, na audição, no engajamento social (4) . Dessa forma, a anomalia influencia de maneira prolongada a saúde e a integração social, não só pelos aspectos estéticos e funcionais; mas principalmente pelos distúrbios sociais e emocionais.O tratamento tem início logo após o nascimento e visa à reabilitação global: morfológica, funcional e psicossocial. As primeiras cirurgias plásticas reparadoras, denominadas de q...
RESUMOAs implicações das fissuras labiopalatinas são estéticas e funcionais. Uma adaptação satisfatória depende mais da família e de suas atitudes do que da própria presença da malformação. O processo ativo de resistência, reestruturação e crescimento em resposta à crise e ao desafio é denominado resiliência. Para adaptar-se a família necessita ser instrumentalizada por meio do empowerment: desenvolver habilidades necessárias para enfrentar e lidar com os eventos de vida, obter domínio sobre as suas questões, ser mais forte e capaz de administrar as demandas do cotidiano. Buscamos conhecer os mecanismos de empowerment que famílias de criança com fissura labiopalatina têm desenvolvido ou potencializado para ser resilientes frente à presença dessa situação adversa. Trata-se de uma pesquisa clínico-qualitativa em que foi utilizada a Análise de Conteúdo para o tratamento dos dados. Da análise emergiram duas categorias: "Vivendo um dia de cada vez: vencendo etapas", "Apoiando e sendo apoiado", sendo esta última composta de duas subcategorias "Pelos pares" e "Pela equipe multiprofissional". A falta de conhecimento priva o paciente e sua família da gestão da doença, impede-os de assumirem a responsabilidade, gera o sentimento de que sua vida está fora de controle, o que impacta negativamente na qualidade da vida da família. INTRODUÇÃODiante do nascimento de uma criança com malformação, a família vivencia um processo de luto pela perda do seu bebê idealizado. Nesse contexto, emoções negativas são descritas como resposta dos pais a esse acontecimento, sendo as mais características: ansiedade, confusão mental, depressão, choque, raiva, descrença, ressentimento e frustração (1) .As implicações das fissuras labiopalatinas são estéticas e funcionais. As cirurgias de reabilitação iniciam-se aos três meses de idade com a reparação da fissura labial e aos doze meses com a reparação da fissura palatina. Outras cirurgias, que beneficiam o âmbito funcional e estético, são necessárias no transcorrer do desenvolvimento infantil e têm um impacto positivo no aspecto psicológico da criança e dos familiares. Ao trilhar o longo e sofrido processo de reabilitação, a família sente que não tem sido assistida em todas as suas necessidades pela equipe de saúde (2) .As atitudes dos pais em relação à situação são cruciais para o ajustamento de crianças com fissura. Uma adaptação satisfatória depende mais da família e de suas atitudes do que da própria presença da malformação. O processo ativo de resistência, reestruturação e crescimento em resposta à crise e ao desafio é denominado de resiliência (3) . O ser humano é capaz de superar adversidades e situações potencialmente traumáticas. Tal processo não é estanque nem linear, pois um indivíduo pode se apresentar resiliente diante de determinada situação e não o ser frente à outra, ou até mesmo não se apresentar resiliente à mesma situação posteriormente. Trata-se de um fenômeno complexo, dinâmico, construído nas interações entre o ser humano e seu ambiente. Essas interações podem promover a cap...
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.