Na atual conjuntura, as ações direcionadas as pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas estão baseadas em uma visão moralizante que culpabiliza o indivíduo e impõe como solução o controle dos corpos sob uma base religiosa, associando o cuidado em saúde mental exclusivamente ao autocontrole e a fé. Nesse caminho, o presente artigo objetiva relacionar o crescimento do incentivo financeiro das Comunidades Terapêuticas com o projeto político que está em andamento no governo federal e na condução da política de saúde mental que vem sendo implementada no município do Rio de Janeiro desde o ano de 2017.
Ao receber o convite para escrever este texto me vi diante de uma tarefa desafiadora e necessária: a problematização da Reforma Psiquiátricabrasileira considerando a formação sócio histórica do nosso país. O provocativo texto “Holocausto ou Navio Negreiro?: inquietações para a Reforma Psiquiátrica brasileira” nos convida a mergulhar mais a fundo nestas problematizações. Ao fazê-lo percebemos, sem esforço, que no campo da Reforma Psiquiátricabrasileira(que mesmo em tempos de avanços neoliberais e conservadores é referência de modelo de assistência integral ao sofrimento psíquico)parece ter havido certo apagamento das dimensões de classe, gênero e raça. Tais elementos estão presentes na organização econômica e política da sociedade capitalista, e em particular na formação social brasileira.
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