Este trabalho explora uma comparação etnográfica entre formas expressivas dos povos indígenas Kaingang (PR) e Kaiowa (MS), baseada em duas pesquisas: uma focada no movimento Nẽn Ga, um coletivo intergeracional cujas ações são centradas nas práticas de cantos/danças/rituais [tỹnh] kaingang; e outra no papel das gravações nos processos de transmissão dos cantos-rezas-danças kaiowa – cujas artes por excelência, como outros povos guarani (PISSOLATO, 2008), são as artes vocais. Destacando as categorias nativas que emergem das festas e mobilizações de povos jê e tupi-guarani no Brasil Meridional, nos perguntamos: como formas distintas de praticar, conceber e classificar o que é cantado e dançado pode produzir sentidos inovadores para noções como música, política, cultura e xamanismo? Atentas aos contextos em que tais cantos-danças se manifestam, abordamos seus aspectos poéticos e sonoros e os movimentos que marcam suas formas de transmissão e de circulação.
Tivemos o privilégio de trabalhar em alguns momentos de nossas vidas com Dominique Tilkin Gallois, professora colaboradora sênior da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA). Nessas experiências de orientação à pesquisa e trabalho, ela nos beneficiou com sua generosidade e profundo conhecimento acerca dos modos indígenas de conhecer e metodologias de formação de pesquisadores indígenas, o que nos inspirou a realizar essa entrevista. Feita de maneira remota na manhã do dia 23 de junho de 2020[1], a entrevista nos traz um pouco de sua história e de como se tornou pesquisadora em Etnologia e História indígena, abordando temas de grande relevância para as pesquisas realizadas com indígenas e por indígenas – e contribuições importantes no campo teórico-metodológico e bem como nos processos políticos inevitavelmente envolvidos na pesquisa. Como sua destacada atuação como antropóloga não se restringe aos temas acima, a conversa acabou sendo tangenciada por outros assuntos centrais em sua trajetória, como tradições orais e cosmologias ameríndias, políticas indígenas, patrimônio cultural e conhecimentos tradicionais. O modo sempre inovador como Dominique articula investimento acadêmico e ação indigenista também ganha destaque através dos relatos de sua experiência na assessoria direta a comunidades indígenas no Amapá, norte do Pará e outros estados. Essas reflexões compartilhadas nos permitiram uma aproximação com um certo fazer antropológico, que convidamos os leitores da revista a conhecer. Eis a “antropologia comprometida” de Dominique Tilkin Gallois.
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