Neste trabalho, apresentamos e discutimos, sob a perspectiva da psicanálise, reflexões sobre a associação da morte com o processo de envelhecimento humano. São analisadas, inicialmente, elaborações freudianas sobre a morte na cultura, destacando o estranhamento e o desamparo perante a velhice e a morte. Reflexões sobre a vivência da morte nas perdas experienciadas na velhice são apresentadas neste trabalho, que também propõe uma discussão acerca do luto que é vivido simbolicamente nas perdas associadas ao processo de envelhecimento. As perdas vividas na velhice estão relacionadas à morte real de amigos e companheiros, ao corpo, ao fim das relações de trabalho, ao relacionamento social e familiar. Tais perdas perpassam tanto a dimensão do físico, em sua concretude, como os universos profissional, social e familiar. Após uma análise bibliográfica, concluímos que é pertinente a reflexão de que a morte e a velhice constituem fenômenos fortemente atrelados na cultura, de modo que uma abordagem sobre o envelhecimento parece demandar uma compreensão e discussão do processo de luto vivenciado nas sucessivas experiências de perdas na velhice.
O modo como Freud compreendeu a importância da infância na constituição psíquica é fundamental na psicanálise. Este fato sustenta a proposta de considerarmos que esta noção assume, na metapsicologia, o estatuto de um conceito. É na busca do conceito do infantil em Freud que empreendemos a pesquisa que subsidia este artigo. Privilegiamos momentos iniciais da obra freudiana no sentido de apontar que se trata de um conceito muito precocemente instalado na psicanálise. Textos posteriores ao período dos escritos pré-psicanalíticos, tais como "A Interpretação dos Sonhos" e "Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade", também são analisados no sentido de apontar os desdobramentos iniciais sobre o modo como Freud pensou e tomou o conceito de infantil na metapsicologia e no trabalho psicanalítico.
RESUMO -Nesse trabalho pretendemos compreender os fundamentos freudianos a respeito do corpo e seus estatutos, cuja presença remonta ao nascimento da psicanálise. Evidenciamos que o momento inicial está estreitamente associado ao campo da biologia, quando Freud estabelece a cisão corpo biológico/corpo psicanalítico. Em seguida, verificamos como se dá a passagem do corpo auto-erótico e fragmentado para o corpo unificado pelo narcisismo. Isto abre espaço para a retomada do conceito de pulsão, que mais tarde desembocará no segundo dualismo pulsional, a criação da segunda tópica e o surgimento do eu corporal.Palavras-chave: psicanálise; corpo; narcisismo; pulsão. The Body in PsychoanalysisABSTRACT -In this article we intend to understand the Freudian's fundaments about the body and its statutes, whose presence dates back to the birth of psychoanalysis. We intend to show that the initial moment is closely associated to the field of biology when Freud establishes the division between biological body and psychoanalytic body. Next, we examine how the passage from self-erotic and fragmented body to unified body by narcissism takes place. This opens the way for the resumption of the pulsing concept which will flow later to the second pulsional dualism, the creation of the second topic and the emerging of the body ego. Deve-se reconhecer, ainda, segundo Fernandes, que quando a psicanálise se vê enredada com o adoecer do corpo, a tendência é realizar uma ampliação de seu campo clínico, resultando, necessariamente, em uma ampliação de seu campo teórico. No entanto, complementa a autora, se a ampliação do campo teórico permitiu a inclusão do corpo, esse corpo de que trata a psicanálise num momento inicial é, prioritariamente, o corpo doente. Ocorre, segundo Fernandes, que, na atualidade, a presença do corpo na psicanálise vai muito além da queixa somática, isto é, o corpo se faz presente também pelo negativo. Dessa forma, o corpo que é objeto da psicanálise ultrapassa o somático e constitui um todo em funcionamento coerente com a história do sujeito.Podemos perguntar do que realmente estamos falando quando dizemos corpo em psicanálise. Seria esse o corpo da anatomofisiologia? Ou estamos falando de uma representação psíquica de corpo? Ou ainda, de uma O corpo aparece como objeto de estudo abarcando diversos campos do saber e é visto por vários ângulos. O corpo é o corpo biológico, corpo da anatomia e dos estudos intervencionistas e invasivos da medicina; o corpo social produto das disciplinas ligadas à sociologia e psicologia social, um corpo em interação com outros corpos; o corpo estético e da beleza corporal, que ganha cada vez mais espaço na mídia e no imaginário das pessoas; o corpo antropológico; o corpo objeto de arte e admiração; o corpo histórico; e o corpo da psicanálise, corpo subjetivo, abordado pelo instrumental teórico/ clínico da psicanálise. Na psicanálise, a linguagem, como material privilegiado de trabalho, sempre teve um lugar de destaque. Isto funcionou, durante muito tempo, para que argumentassem que a psi...
Toda análise é trespassada, inevitavelmente, pela contratransferência. Esse fenômeno constitui-se numa das questões fundamentais e mais problemáticas da teoria e técnica psicanalíticas, pois afeta o analista no cotidiano de sua clínica e o remete à sua análise pessoal, supervisão e escrita clínica, tal a angústia em face da inquietante estranheza da transferência. Denotada sua importância, neste texto será trabalhada a construção do seu conceito em Sigmund Freud como experiência necessária, mas um problema a ser resolvido, em Sándor Ferenczi, que aproxima a contratransferência como parte inerente da relação transferencial e da técnica analítica, e em sua posterior releitura por Paula Heimann em 1950, que demarca a importante mudança na compreensão do termo como ferramenta essencial ao método analítico.
Temos observado uma crescente preocupação, por parte de psicólogos e psicanalistas contemporâneos, com a modificação do perfil da demanda clínica, dando conta da ocorrência de um progressivo deslocamento dos quadros neuróticos clássicos para as patologias do narcisismo. Diagnósticos cada vez mais freqüentes de depressão, drogadição, anorexia, bulimia e síndromes mais complexas constituem reflexos de uma cultura que passa por momentos de indefinição e mudança com relação a valores sociais rompendo com aspectos que eram considerados primordiais desde tempos anteriores. Desta feita, pensamos que uma revisão nos aspectos relacionados a essa nova demanda e a clínica da atualidade se faz pertinente.As subjetividades contemporâneas refletem certo grau de fragmentação do sujeito e conseqüências desse processo sobressaem em seu sofrimento psíquico que ganha novos contornos. A fim de refletir sobre tais condições propomos neste artigo um breve retorno ao processo de constituição do sujeito psíquico e aos fundamentos básicos da psicanálise para que possamos delinear e compreender um pouco mais a respeito dos processos subjetivos contemporâneos e suas vicissitudes. Estamos cientes de que apesar de ser uma problemática da clínica não podemos abandonar a idéia de que esse processo se encontra mediado por algo também da cultura calcada na própria crise da subjetividade pós-moderna, portanto, ambas, cultura e clínica inter-relacionadas no estabelecimento do perfil atual da demanda clínica.A maioria dos autores com os quais trabalhamos, e que são citados no corpo do presente artigo, admite que pode haver uma falha básica na constituição do eu narcísico ou mesmo nas instâncias ideais desses sujeitos, ou seja, uma falha no recalcamento primário atribuída a uma espécie de insuficiência (ou ineficiência) dos cuidados maternos na primeira infância. Como conseqüência, a escolha do objeto (o outro da relação) se daria com base na eleição narcisista na qual ocorre a identificação. Na impossibilidade de escolha do objeto externo elege-se o objeto a partir da imagem e semelhança do próprio eu transformado em seu próprio ideal que se converteu em substituto do investimento erótico. Supõe-se que é pela identificação narcisista com o objeto que o investimento libidinal 269
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