O presente artigo se propõe a analisar a questão da intolerância pelo viés da censura, a partir da polêmica sobre uma peça publicitária do Banco do Brasil (BB) que teve sua exibição oficial impedida após avaliação negativa do presidente Jair Bolsonaro. Em nossas análises, a peça é retomada como condição de legibilidade e inteligibilidade dos discursos de resistência que circularam nas redes sociais dialogando com o veto da campanha do banco, e que são, também, nosso objeto de análise. Partindo da perspectiva teórico-metodológica da Análise do Discurso pecheuxtiana, observamos que o espaço virtual tem funcionado tanto como condição de produção do discurso intolerante, quanto como condição de produção de formas alternativas de resistência a esse discurso. As análises nos apontam para um funcionamento discursivo que coloca em jogo, de um lado, a intolerância pela censura e, de outro, as formas de resistência pela ironia.
Esta pesquisa parte do pressuposto de que a democratização nas esferas do poder político possibilita a emergência da questão das diferenças de gênero e sexualidade no domínio jurídico, como atesta o Projeto de Lei (PLC) 122/2006, vulgarizado como “de criminalização da homofobia”, que altera a lei 7716, dando nova redação ao § 3 do art. 140 do Código Penal e ao art. 5º da Consolidação das Leis do Trabalho. Filiados à Análise de Discurso francesa, objetivamos verificar e analisar a discursivização sobre o PLC, comentado em formulações linguísticas e imagéticas em quatro sites diferentes, servindo a estratégias discursivas diversas, reguladas por posições de sujeito socialmente estabelecidas. Hipotetizamos que, embora volumoso, o que foi discursivizado sobre o Projeto na mídia virtual analisada foi enunciado a partir de duas posições de sujeito concorrentes, de onde se (re)produzem efeitos-sentido de positivação e negativização do referido Projeto. Confirmamos a hipótese em uma discussão organizada em três capítulos relacionados, mas apresentados separadamente, sendo o primeiro dedicado às formas de designação do PLC, o segundo, aos efeitos-sentido da liberdade e da igualdade em comentários que retomam o projeto, e o terceiro dedicado à análise dos efeitos-sentido produzidos na desqualificação do PLC 122/06.
Como citar:
FRANÇA, Thiago Alves. Discursos sobre o PLC 122/06. Orientadora: Maria da Conceição Fonseca-Silva. 2013. 101f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Programa de Pós-graduação em Linguística, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2013. Disponível em: xxxxxxxxxxxxxxxx. Acesso em: xxxxxxxx
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