O objetivo do artigo é analisar a interpretação de John Dewey da história da filosofia e de seus problemas para tentar lançar luz sobre o estado de coisas atual, no qual, em meio a uma pandemia de COVID-19, políticos, religiosos e filósofos se confrontam com cientistas numa disputa para determinar quem tem autoridade para determinar como havemos de viver. A distinção que Dewey vê na história da filosofia entre ciências naturais e ciências do “espírito” na modernidade pode indicar a origem desse mal-estar e a resistência da classe “espiritual” em aceitar as orientações da classe dos cientistas.
Tenho um amigo dotado de um intelecto penetrante como uma broca que, embora seu interesse por estética, nunca poderá ser acusado de ter tido uma única emoção estética ao longo de seus quase quarenta anos de vida. Deste modo, não dispondo de uma faculdade que lhe permita distinguir uma obra de arte de um serrote, é capaz de acumular uma pirâmide de argumentos incontestáveis acerca da hipótese de um serrote ser uma obra de arte1.
Este artigo pretende abordar o conceito de filosofia de John Dewey, em sua especificidade em relação à tradição pragmatista. Para isso, partiremos da reconstrução da filosofia apresentada por este autor em Reconstruction in Philosophy, de 1920, obra na qual expõe completa e explicitamente o conceito e o que acredita ser o papel da filosofia. Em especial, caracterizaremos a concepção de filosofia de Dewey a partir das críticas que o pragmatista americano lançou contra certas maneiras de fazer filosofia, por ele denominadas filosofias modernas ou tradicionais. A partir dessa crítica, examinaremos o uso que Dewey faz de seu postulado do empirismo imediato, enquanto uma metodologia filosófica, para evitar os supostos equívocos das filosofias passadas e desenvolver uma filosofia que faz jus à experiência concreta.
Tradução do artigo "The postulate of immediate empiricism" do filósofo pragamatista americano John Dewey. Publicado originalmente em The Journal of Philosophy, Psychology and Scientific Methods, Vol. 2, No. 15 (Jul. 20, 1905), pp. 393-399.
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