<p>O presente texto tenta apresentar uma resenha do multipremiado filme <em>Bacurau</em> (Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles) tomando como ponto de partida a apreciação negativa do referido filme feita pelo crítico de cinema Miguel Forlin (2019) no caderno <em>Estado da Arte</em>, do <em>Estadão</em>. Advirto antecipadamente, porém, que não se trata de uma mera defesa de <em>Bacurau</em> ou refutação de Forlin, mas sim de um confronto (crítico) da crítica com seu objeto, no qual certas redundâncias talvez precisem se afirmar para recuperar aquilo que, no segundo, tenha escapado à primeira.</p>
IntroduçãoNeste artigo, gostaria de traçar alguns apontamentos sobre a construção de imagens do espaço urbano em canções de rap brasileiras e norte-americanas. As canções aqui elencadas permitem identificar a cidade tanto como constructo poético-narrativo quanto como locus interpelador que convoca os artistas urbanos a reflexões sobre seus valores éticos e modos de viver no caos da periferia. De modo geral, perpassa as produções brasileiras quanto as estadunidenses analisadas um mesmo signo, o do mal, seja como escolha retórica para caracterizar narrativamente um atributo do espaço citadino, seja ainda como personagem antagonista com a qual os rappers travam diferentes embates. A cidade, por sua vez, é tratada aqui não apenas como o cenário e o conteúdo dramático das canções de rap, mas, ela também, como personagem privilegiada.Mas, ainda que estes elementos dramáticos sejam comuns às canções escolhidas, independente de pertencerem a contextos geográficos, históricos e socioculturais bastante distintos, é necessário adiantar que esta aproximação não tem a pretensão de produzir uma narrativa universal ou totalizante sobre o rap, como se não houvesse diferenças estilísticas (musicais, linguísticas, performáticas) significativas entre os artistas brasileiros e dos Estados Unidos. As aproximações feitas neste artigo, na verdade, só têm se tornado possíveis para mim na medida em que o rap é compreendido como cultura transnacional, ou seja, em contexto de diáspora (Guerreiro, 2010;Gilroy, 2012;Garcia, 2014). Além do suporte encontrado na literatura sobre o rap, parte das observações de campo de minha pesquisa de doutorado (em andamento) têm fornecido elementos que mostram que não apenas temporalmente, mas também geograficamente, algumas representações sobre a vida nas cidades, bem como signos artísticos, transitam de forma circular e são compartilhados entre Brasil e Estados Unidos, entre o presente e o passado recente -algo, aliás, que remete à própria técnica composicional de loop empregada por DJs na criação das bases musicais sobre as quais as letras de rap se desenvolvem.Considerando então o rap como cultura mundial, partilhando seus signos, imagens, práticas e representações para além dos limites locais ou nacionais, proponho uma leitura transversal de canções dos rappers Paris, KRS-One e dos grupos Facção Central, Face da
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