Publicado em 2003, El ghetto, de Tamara Kamenszain, marca uma inflexão na obra poética da escritora argentina. Após negar insistentemente o caráter autobiográfico de sua poesia, se mostra nessa obra menos relutante em admitir as bases autobiográficas de sua escrita. Em seu livro, a poeta aborda a experiência pessoal do luto pelo pai, no nome de quem se inscreve e a quem dedica esse seu trabalho. Para expressar sua ausência, se valerá da herança judaica deixada pelo pai, trabalhando com elementos, lugares e cenas do judaísmo que lhe permitem di- zer da perda paterna. Este ensaio, a partir da análise do poema “Kaddish” buscará refletir sobre algumas figurações do judaísmo no livro de Kamenszain, procurando compreender o uso feito pela poeta dessa tradição em seu livro.

Este ensaio tem como objetivo discutir aspectos da poesia inicial de Jorge Luis Borges, a partir da leitura de um dos poemas presente em Fervor de Buenos Aires, primeira reunião poética publicada pelo escritor argentino. Buscou-se, com o esforço de interpretação do poema “Arrabal”, compreender melhor os elementos principais do primeiro momento de Borges, enquanto poeta, não ignorando as particularidades desse texto, central no livro em que se encontra. Além disso, no presente trabalho é feita uma breve análise do lugar da produção poética inicial borgeana no contexto literário argentino, detendo-se na relação que mantém a poesia do escritor com o período das vanguardas e com a tradição letrada de seu país. Isso é, esse estudo busca delimitar e compreender os motivos formais e temáticos no primeiro livro do escritor portenho, relacionados, respectivamente, à construção de imagens nacionais da Argentina, a partir de sua capital, e à estética ultraísta, a qual manteve certa influência sobre o escritor no início de sua carreira.

Ao meu orientador, Erwin Torralbo Gimenez, não só pelos anos de tutela durante esta pesquisa, mas também por todos os outros em que, como professor e amigo, esteve ao meu lado, tornando o sonho da vida mais alegre e instigante.A todos os professores da área de Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo que, de alguma forma, fizeram parte da minha formação e, portanto, contribuíram com este trabalho, em especial, os professores Murilo Marcondes de Moura e Ricardo Souza de Carvalho, com os quais pude conversar sobre ideias aqui expressas.À minha família, que sempre incentivou meus estudos, e aos amigos e queridos colegas de carreira, que, com o mesmo entusiasmo, me animaram a seguir estudando e pesquisando.À CAPES, pela bolsa concedida ao longo de toda esta pesquisa, fundamental para que esta investigação ocorresse.[...] pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.(1 Coríntios 4:9) RESUMO Iniciada em meados do século XX, a dramaturgia de Ariano Suassuna, desde seu surgimento, intrigou público e crítica devido à sua singularidade no panorama do teatro brasileiro de então, pautado, sobretudo, pelos nomes de Marx e Freud. Desviando-se de ambos, o escritor encontrou seus principais modelos dramáticos em tradições que precederam, e muito, sua própria época, entre as quais, a medieval, ostensivamente estudada por seus exegetas. Entretanto, por vezes negligenciado, não menos importante é o diálogo estabelecido entre sua obra dramática e a literatura dos séculos XVI e XVII europeus, conhecida como barroca. Referido pelo dramaturgo tanto em seus ensaios críticos como em seus trabalhos literários, as marcas desse período da arte europeia, marcado por uma dissolução que, em alguma medida, recorda a do momento em que teceu sua obra criativa, podem ser notadas em muitas de suas realizações dramáticas. Este trabalho pretende alcançar uma melhor compreensão da leitura feita pelo escritor desse momento e do diálogo que com ele estabeleceu ao longo de sua trajetória literária. Para tanto, debruça-se sobre duas de suas peças mais significativas, O arco desolado e A pena e a lei, uma tragédia e uma comédia, respectivamente, as quais, dada a relação direta que estabelecem com importantes temáticas barrocas, permitem que se apreenda a importância da literatura desse período para a obra dramática de Ariano Suassuna.