Resumo: Este texto representa um esforço para pensar a produção romanesca modernocontemporânea sob o rótulo de escrita autobiográfica, confessional e autoficção; tratam-se de categorias distintas na tecelagem literária e representam um olhar para trás a fim de reavaliar o mundo e/ou se integrar ao mesmo numa espécie de "redenção-sem-deus". Isso porque o sujeito contemporâneo, marcado ainda mais pela fragmentação da infraestrutura e superestrutura que sustenta/va o pensamento da Idade Moderna, se projeta na sociedade chamada pós-moderna, ainda que, paradoxalmente, os mitos continuem presentes em seu imaginário. A partir daí, trabalharemos com o romance A chave de casa, de Tatiana Salem Levy (2009), publicado pela editora Record, e o texto crítico-literário de Silviano Santiago (2011), "Meditação sobre o ato de criar". Palavras-chave: Literatura contemporânea. Discurso autobiográfico. Discurso confessional. Autoficção. Identidade. Introdução A chave de casa é uma narrativa não linear em primeira pessoa, chamada pela autora, Tatiana Salem Levy (2009), de autoficção, visto que a personagem principal tem muito em comum com a sua própria vida. Ambas nasceram em janeiro de 1979, no exílio (Portugal), numa época em que seus pais fugiam da ditadura militar instaurada no Brasil. Ambas voltaram ao Brasil nove meses depois e são descendentes de turcos. A partir daí, mistura-se vida real com ficção, ou melhor, a vida "real" torna-se ficcionalizada. Os leitores
Resumo: A partir de leituras clássicas sobre a hierarquização da interpretação e a república das letras, este ensaio propõe, com base na ideia de rumor da língua, de Roland Barthes, uma reflexão desconstrutora acerca da ideia de interpretação, em dois prefácios do século XIX, um de Oscar Wilde e outro de Machado de Assis. A hipótese de leitura é que, ao ruminarem a questão da interpretação oitocentista e rumorejarem a desconstrução, esses prefácios discutem o caráter inconclusivo da própria interpretação. Palavras-chaves:Paratextos; Teoria da literatura; Literatura Comparada; Século XIX.Abstract: This paper proposes, based on Roland Barthes's book Le Bruissement de la langue, a reflection about the process of deconstruction in two prefaces of the 19th century, one of them was written by Oscar Wilde and the other by Machado de Assis. The hypothesis is that they put forward the idea that the nature of interpretation itself depends upon the reader as well. A partir de leituras clássicas sobre a hierarquização da interpretação e a república das letras, este ensaio propõe, com base na ideia de rumor da língua, de Roland Barthes (1988), uma reflexão desconstrutora acerca da interpretação, em dois prefácios do século XIX, um de Oscar Wilde e outro de Machado de Assis. A hipótese de leitura é que, ao ruminarem a questão da interpretação oitocentista e rumorejarem a desconstrução, esses prefácios discutem o caráter inconclusivo da própria interpretação. Para tanto, apresentaremos uma discussão com base nos prefácios de The picture of Dorian Gray e Papéis avulsos. Do ponto de vista literário, eles serão lidos como proposições críticas da cultura ocidental. Diferentemente do historiador caranguejo, supomos que não criticam "para trás". A revisão seria uma espécie de passo atrás em relação às doutrinas estéticas disponíveis à época. É como se tais prefácios dialogassem com a máxima jocosa de Friedrich Nietzsche (2006, p. 15): "(...) sacudir uma seriedade que se tornou demasiado opressiva para nós. " Lidos daí os prefácios tornam-se rumorejantes por suscitarem ruídos entre o emissor, a mensagem e o receptor, porque 1 Mestrando na UERJ e pesquisador júnior do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro com pesquisa sobre Machado de Assis e a estética da mancha.
Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O retorno do passado nem sempre é um momento libertador da lembrança, mas um advento, uma captura do presente. (Beatriz Sarlo)
Submetido em 18 de julho de 2015.Aceito para publicação em 17 de setembro de 2015.Cadernos do IL, Porto Alegre, n.º 51, dezembro de 2015. p. 81-95 ______________________________________________________________________ POLÍTICA DE DIREITO AUTORALAutores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: (a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. (b) Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. (c) Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado. (d) Os autores estão conscientes de que a revista não se responsabiliza pela solicitação ou pelo pagamento de direitos autorais referentes às imagens incorporadas ao artigo. A obtenção de autorização para a publicação de imagens, de autoria do próprio autor do artigo ou de terceiros, é de responsabilidade do autor. Por esta razão, para todos os artigos que contenham imagens, o autor deve ter uma autorização do uso da imagem, sem qualquer ônus financeiro para os Cadernos do IL. _______________________________________________________________________ POLÍTICA DE ACESSO LIVREEsta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona sua democratização.
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