Neste artigo, discutiremos a construção da oficina intitulada “Devassos no Paraíso, Bichas e Putas em um País Tropical: Discutindo Arqueologias e Sexualidades”, realizada no evento “Cidades em Transe: Cotidianos em Conexão”, na cidade de Pelotas/RS. A oficina foi elaborada a partir dos aportes teórico-metodológicos da Arqueologia da Paisagem e da Arqueologia Queer e teve como foco a criação de cartografias insurgentes, que contestam as normas da ciência cartográfica e mapeiam os conflitos e as (re)existências na cidade. Estas cartografias foram concebidas enquanto formas de manifestar as vivências cotidianas das trabalhadoras sexuais e da comunidade LGBTQIA+ na paisagem do passado-presente-futuro de Pelotas. Além disso, suscitaram discussões entre as/os/es participantes sobre a luta pelo direito à cidade travadas por estas pessoas e as suas formas de resistir contra a putafobia e a LGBTQIA+fobia.
Este artigo propõe a musealização de uma arqueologia que envolva as trabalhadoras sexuais, abarcando suas materialidades e narrativas no espaço dos museus e que considere suas demandas contemporâneas. Partindo dessa perspectiva, reivindicamos um fazer arqueológico engajado com o ativismo político do putafeminismo, movimento este travado por trabalhadoras sexuais, que tem como objetivo lutar contra o estigma que cerca a profissão e pela garantia de direitos trabalhistas. Os museus são espaços que, tradicionalmente, privilegiam uma narrativa hegemônica branca, elitista, androcêntrica e cis[1]heteronormativa, o que acaba por suprimir as histórias de trabalhadoras sexuais. Nesse sentido, nos debruçaremos sobre a experiência de construção do módulo “A luta das trabalhadoras pelo direito de habitar a cidade de Pelotas”, de uma exposição que fez parte das comemorações do Dia do Patrimônio em Pelotas (RS) no ano de 2019.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.