Introdução: A foniatria tem interesse em fissura labiopalatina (FLP) devido à complexidade em aspectos de fala, linguagem e audição. Objetivo: No contexto da avaliação foniátrica em crianças escolares com fissura labiopalatina, o objetivo do estudo de múltiplos casos foi descrever a interferência de fatores clínicos no desempenho em testes da função perceptiva auditiva de linguagem, assim como a associação entre eles. Método: Trinta crianças, entre 6 anos e 2 meses e 9 anos e 11 meses, foram avaliadas pelo médico foniatra, em serviço interdisciplinar de tratamento da FLP: 13 (43%) fissura pós-forame incisivo e 17 (57%) fissura transforame incisivo. Foram descritos os fatores clínicos (incluindo tipo de fissura, idade na avaliação, sexo, condição socioeconômica, desempenho escolar, realização de fototerapia, exame audiológico e outros) e o desempenho em testes de discriminação auditiva, memória auditiva e consciência fonológica, incluindo a associação entre eles. Resultados: Não houve diferença significativa entre os grupos de fissura e médias de idade (p=0,618), sexo (p=0,431), nível socioeconômico (p=0,580) e desempenho escolar (p=0,785).A porcentagem de crianças que fez terapia é maior no grupo de fissura transforame (94,1%). Alterações nos testes: 4 crianças (13,3%) discriminação auditiva, 6 (20%) memória auditiva e 8 (26,7%) consciência fonológica. Os casos com desempenho escolar insatisfatório, mais tempo de fonoterapia e piores médias do limiar de reconhecimento de fala tiveram desempenho pior em memória auditiva e consciência fonológica. Conclusão: A avaliação foniátrica possibilitou o apontamento de fatores clínicos da fissura, que parecem, de alguma forma, interferir no desenvolvimento da linguagem destas crianças.
