O artigo procura desdobrar uma afirmação do paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, que costumava dizer que justo ele, criador de tantos jardins públicos e privados, jamais criara um para si próprio. A reflexão sobre as razões pelas quais a sua propriedade em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro, o Sítio Santo Antônio da Bica, não poderia ser qualificada como um jardim conduz à investigação da relação entre coleções botânicas e artísticas, e do uso da coleção como um modelo formal para o paisagista.
Esta comunicação parte da seguinte questão básica: revisão crítica contemporânea das obras de Volpi, Pancetti e Dacosta, no sentido de perceber como o ambiente cultural interferiu na formulação de suas poéticas e de que maneira esses artistas de uma segunda geração modernista ainda permanecem (ou não) abertos ao questionamento artístico contemporâneo e/ou à dinâmica do mercado de arte. Esse problema investigativo parte da constatação de que esses artistas, entre outros dos anos 30 e 40, foram responsáveis pela afirmação e difusão de um vocabulário pictórico moderno no país. Sua atuação pública, portanto, possui um sentido intrinsecamente crítico, na medida em que cada um desses artistas buscava, por sua própria obra, estabelecer as bases de uma tradição e de uma determinada cultura artística no Brasil. Assim, antes de criadores de formas vanguardistas, tais pintores se dedicam a criar um vocabulário plástico e um repertório iconográfico moderno, com características locais. A idéia desta pesquisa é compreender esse coeficiente crítico e cultural como parte integrante do valor histórico e estético de cada um desses artistas.Palavras-chave: Arte moderna brasileira; Arte e culturalização; Volpi; Milton Dacosta; José Pancetti Desde 2002 venho realizando, no âmbito do Instituto de Artes da UERJ uma pesquisa com o título abrangente de "Estilo e instituição: arte e cultura contemporânea no Brasil". Nesta, tenho procurado analisar as estratégias e os efeitos da institucionalização da arte moderna e contemporânea no Brasil, a partir do estudo dos casos de artistas significativos para a construção da visualidade brasileira. Nos primeiros três anos, optei pela análise da trajetória de artistas cujas reputações públicas, cada qual a seu modo, foram marcadas pelas idéias de isolamento ou marginalidade: Iberê Camargo, Hélio Oiticica e Antonio Manuel. A idéia central era compreender como se ergueu este aparente paradoxo: uma reputação pública fundada na idéia de isolamento.Não pretendi, como pode ser imaginado, estudar estes artistas como vítimas passivas de uma reputação a eles imputada por um sistema de arte perverso e vesgo. Ao contrário, quis compreender como a instância pública integrou a obra de cada um deles, enquanto mais um elemento de sua poética. Até porque, nos casos citados, estamos distantes algumas léguas de artistas desconhecidos ou desvalorizados. A questão era perceber como o valor cultural foi erguido pela ênfase em tópicos como a marginalidade ou o isolamento. E, em que medida, isto era uma determinação da própria obra.A partir de 2005, a avaliação dos resultados bem como novas proposições investigativas me levaram a uma reformulação do projeto anterior, com vistas à sua ampliação e à delimitação de uma linha de pesquisa cujo foco fosse o processo de culturalização da arte moderna e contemporânea brasileira e suas conseqüências institucionais e poéticas. Assim sendo, optei por tratar da seguinte questão básica: revisão crítica contemporânea de alguns dos valores plásticos modernos brasileiros, com especial de...
No abstract
O artigo aborda a abstração na obra do artista e paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), responsável pela ambientação cultural e natural da forma racional moderna no Brasil. A ideia básica é analisar a peculiaridade de sua adesão ao abstracionismo, compreendendo-a no seio de seu pensamento ecológico mais vasto, que envolve a preservação da natureza e das tradições culturais brasileiras, buscando investigar como se processou essa ecologia da forma abstrata.
RESUMO O presente artigo trata de compreender como a modernidade dos jardins de Roberto Burle Marx se forma por meio do recurso a estratégias que poderiam ser qualificadas como conservadoras ou mesmo regressivas caso fossem analisadas a partir da tradicional perspectiva da história do modernismo brasileiro. A análise de um de seus procedimentos formais peculiares - o uso de elementos arquitetônicos adquiridos em demolições na composição dos seus jardins -, em conexão com sua prática de colecionador de plantas e de arte, deve servir à construção de novos instrumentos críticos de abordagem de sua obra paisagística.
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