RESUMO Nas proposições do Círculo de Bakhtin, os conceitos elaborados não aparecem cindidos completamente uns dos outros, mas inter-relacionados. Diante disso, acreditamos que existam conceitos-chave que estejam na base da formulação de outros, ainda que tal associação não ocorra de forma explícita, a exemplo da noção de singularidade. Nosso objetivo consiste, assim, em estabelecer uma reflexão teórica acerca das relações entre singularidade e polifonia a partir das obras Para uma filosofia do ato responsável [1920-1924] e Problemas da poética de Dostoiévski [1963]. Com base nessa reflexão, entendemos que a construção artística do romance polifônico pode ser percebida como possibilitada por um reconhecimento da singularidade de cada sujeito e, consequentemente, de sua isonomia em relação à verdade. Tal chave de leitura corrobora a perspectiva de que Para uma filosofia do ato responsável, inaugurador da noção de singularidade, atua como um projeto de reflexão filosófica que auxilia a compreender as produções bakhtinianas subsequentes.
Recentemente a discussão sobre o uso de uma linguagem neutra, que não promova a exclusão de pessoas que não se identificam com a divisão binária de gênero em masculino e feminino, tem ganhado espaço na sociedade. Tal temática vem sendo foco de discussões realizadas tanto no âmbito acadêmico, a exemplo de artigos científicos e palestras acerca dessa forma de expressão linguística, quanto da população em geral e, inclusive, do Poder Legislativo, que propôs em 2020 quatro projetos a esse respeito. Tendo em vista a relevância do tema na atualidade, o objetivo deste estudo consiste em refletir sobre o uso dessa forma de linguagem a partir da perspectiva do Círculo de Bakhtin, tomando como base o conceito de signo ideológico proposto por esses pensadores. Para tanto, também analisamos alguns excertos do Projeto de Lei n.º 5.385, que trata da linguagem neutra, buscando dialogar com as motivações e implicações dessa forma de expressão. A partir disso, entendemos que tal forma de linguagem se pauta em uma reacentuação dos signos ideológicos, advinda de uma modificação na realidade, de modo que os signos se tornam palco da tensão entre grupos que percebem a identidade como binária e grupos que não a percebem dessa maneira.
Como a análise dos fenômenos linguísticos auxilia a compreender os posicionamentos ideológicos que sustentam os discursos, pretendemos entender como a experimentação laboratorial em animais não humanos é apresentada pelo discurso científico. Para isso, analisamos um artigo científico e um artigo de divulgação científica, utilizando como categorias de análise a noção de gênero do discurso. Percebemos, nos discursos analisados, a perspectiva de que o emprego de animais é imprescindível ao progresso da ciência, de modo que toda atividade contrária à realização de tal prática é vista como radical e prejudicial ao desenvolvimento científico. Observamos, ainda, que o discurso de divulgação científica referenda o status quo do modo de produção científico.
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