Objective: To compare information on the risks of potentially inappropriate medications (PIMs) for older adults in the Beers criteria with data in the package inserts made available by the Brazilian Health Regulatory Agency. Methods: This is an observational, cross-sectional study that compared information on the package inserts of 33 brand-name drugs in the Brazilian market with specific recommendations for older adults contemplated in the Beers criteria, categorizing them into: complete, incomplete, absent, or discrepant. Results: Among the analyzed package inserts, 21.21% did not present a specific section dedicated to the use of these drugs by older adults and data were scattered throughout the text; 63.64% were classified as incomplete; 33.33% lacked data; and 3.03% had discrepant information. Conclusion: The analyzed package inserts presented incomplete data or lacked information characterizing the drugs as PIMs for older adults. This study demonstrated that some package inserts of drugs used in Brazil are not satisfactory, warranting higher caution in the medical community when prescribing these medications and guiding patients.

INTRODUÇÃO:O envelhecimento populacional é um processo vigente que gera impactos no sistema público de saúde. Os critérios de Beers indicam precauções e orientações para minimizar o uso de medicamentos potencialmente inapropriados (MPIs) por idosos, constituindo, pois, importante guia para a prescrição em geriatria. OBJETIVO: Comparar as informações sobre os riscos de MPIs para idosos contidas nos critérios de Beers com as informações presentes nas bulas para profissionais de saúde disponibilizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil. MATERIAIS E MÉTODOS:Estudo observacional e transversal em que foram comparadas as instruções contidas nos critérios de Beers 2019 com os respectivos dados das bulas para profissionais de saúde de 13 medicamentos de referência utilizados no Brasil (antiulcerosos, antidiabéticos e antiinflamatórios não esteroidais -AINES), sendo as informações categorizadas em: completas, incompletas, ausentes ou discrepantes. RESULTADOS: Dentre as bulas analisadas, 23,07% (n=3) foram classificadas como "informações ausentes"; 69,23% (n=9) como "incompletas" e 7,69% (n=1) como "divergentes". Nenhuma das bulas analisadas apresentou dados completos. Dentre os antidiabéticos, a glimepirida e a glibenclamida carecem de alertas quanto ao risco de hipoglicemiaenquanto os Beers sugerem que além de ressaltar tal efeito adverso, as bulas devem evidenciar sinais para sua identificação e conduta. Inclusive, a bula da glimepirida informa que a farmacocinética em idosos é similar a de pacientes jovens -informação divergente daquela dos critérios referidos. Em relação aos AINES, destaca-se o ibuprofeno pela ausência da indicação dos risco relativos ao seu uso crônico: úlcera péptica, lesão renal e elevação de pressão arterial. Por fim, dentre os antiulcerosos, pantoprazol e omeprazol não trazem alertas quanto ao uso prolongado em idosos elevar risco de lesão óssea, definido pelos Beers. CONCLUSÃO: O estudo sugere que as bulas de medicamentos utilizados no Brasil não são satisfatórias, frequentemente ausentes informações relevantes ao uso seguro na população geriátrica, em dissonância com os critérios de Beers -referência no quesito. A má qualidade das bulas pode implicar em maiores taxas de prescrição inapropriada para idosos, efeitos indesejáveis, morbimortalidade e consequentes custos em saúde. Assim, é demandada maior cautela à comunidade médica na prescrição e orientação aos seus pacientes idosos.

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