O presente artigo trata da suposta aparição de Maria em uma comunidade neo-esotérica situada no sul de Minas Gerais. Assentada no contexto da pós-modernidade religiosa com sua dinâmica de desinstitucionalização e trânsito religioso, a aparição e o grupo nela envolvido são permeados por crenças new age e práticas católicas mimetizadas, figurando como um exemplo da porosidade do Catolicismo às tendências do “espírito da época”.
O objetivo desta tese é analisar como o extraterreste, enquanto conceito ou noção, perpassa por diferentes grupos de atores, sejam eles religiosos ou não. Para tal, utiliza-se como referencial teorias sociológicas e antropológicas que privilegiam associações e interrelações, como a Teoria Ator-Rede, do sociólogo Bruno Latour, bem como as elaborações teóricas do antropólogo Tim Ingold, que propõe seguir determinada coisa, que atua como um fluxo em uma malha de significados. Dessa forma, segue-se a noção de extraterrestre através de suas relações com diferentes grupos: o pensamento de certos Novos Movimentos Religiosos, dos adeptos da religiosidade Nova Era, do espiritismo kardecista e da ufologia pretensamente científica ou paracientífica. Faz-se um levantamento bibliográfico em livros, sites institucionais, sites de notícias, filmes e narrativas midiáticas sobre seres considerados extraterrestres. Conclui-se que esse conceito não apenas é modificado ao longo do tempo e dos múltiplos contatos com outros grupos/atores/coisas, mas também interfere nas conceituações de todos os atores envolvidos – promovendo ora distanciamentos, ora aproximações, e demonstrando assim a fluidez de fronteiras entre os pensamentos e discursos dos grupos analisados.
O artigo visa discutir a utilização de duas teorias antropológicas contemporâneas para a compreensão da religiosidade Nova Era: a Teoria Ator-Rede, de Bruno Latour, e o conceito de malha, do antropólogo Tim Ingold. Parte-se do pressuposto da errância como uma característica fundamental da Nova Era, onde a busca pelo aprimoramento e pelo self perfeito levam o indivíduo à procura de práticas, vivências e rituais descontextualizados de suas tradições originais, constantemente rearranjados e instrumentalizados. Como sociologia que busca associações, a Teoria Ator-Rede pode ser útil para compreender as conexões que ocorrem nesse contexto, porém, leva em conta conexões entre pontos definidos. A malha, entretanto, compreende essas relações como fluxos, onde não há elementos conectados, mas diferentes linhas contínuas entrelaçadas como um tecido. Assim, a Nova Era não se trata de uma conexão de práticas, vivências e rituais diversificados, mas da própria relação, em consonância com a ideia ingoldiana de malha.
Este GT apresenta-se como um espaço para a apresentação de pesquisas e discussões sobre estruturas ou fenômenos da religião onde se possa pôr em debate elementos que apontem para uma possível reestruturação ou reapresentação da religião na contemporaneidade, seja em termos de grupos religiosos, de estruturas religiosas, de espaços religiosos, de eventos religiosos ou mesmo teologias. Dentre os aspectos que mais chama atenção no atual cenário sociocultural é sem dúvida, a questão do pluralismo religioso, onde a cada dia, novas formas de religiosidade têm surgido, seja de cultos, ritos ou espaços religiosos, o que condicionam construções e manutenções constantes dessas identidades religiosas. O fator urbanização e modernidade também contribuem para uma nova roupagem dessas plausibilidades religiosas, seja na interface da religião com o espaço, com a natureza, com a sociedade, com a ecologia... Sendo assim, visto este cenário, é preciso pensar em novas formações e/ou conformações religiosas inclusive buscar compreender os processos que ocasionam essas mudanças no campo religioso. Para este GT espera-se comunicações que contribuam para o repensar de algumas possibilidades das religiões, religiosidades ou espiritualidades na sociedade em vista das mudanças que vêm ocorrendo, seja em forma de novos espaços ou formas de culto, novas instalações, novas ideologias...
The purpose of this article is to demonstrate how certain religious perspectives present nuances between the concepts of creation and evolution. Although public debate characterizes them as polarized concepts, it is important to understand how contemporary religious expressions resignify them and create arrangements in which biological evolution and creation by the intervention of higher beings are presented in a continuum. It begins with a brief introduction on the relations and reframing of Science concepts in the New Religious Movements along with New Age thinking. Then we have two examples which allows us to analyze this evolution-creation synthesis. First, I will present a South American New Religious Movement that promotes bricolage between the New Age, Roman Catholicism and contacts with extraterrestrials. Then, I will analyze the thoughts of a Brazilian medium who disseminates lectures along with the channeling of ETs in videos on the internet, mixing the elements of ufology with cosmologies of Brazilian religions such as Kardecist spiritism and Umbanda. These two examples share the idea of the intervention of extraterrestrial or superior beings in human evolution, thus, articulating the concepts of evolution and creation. Therefore, in these arrangements it is possible to observe an inseparability between spiritual and material, evolution and creation or biological and spiritual evolution.
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