Este artigo finaliza uma série de quatro estudos de natureza exploratória, realizados com o intento de inventariar os gêneros do discurso que constituem o métier docente. Neste texto, coloca-se como objetivos fazer uma apresentação panorâmica dos gêneros do discurso profissional docente, reunir alguns conceitos e categorias essenciais para a organização e a análise do corpus de trabalho, alguns dos quais construídos na trajetória deste estudo, bem como avançar para um conjunto de gêneros orais mobilizados para o trabalho do professor, com foco em um processo de ensino e aprendizagem contextualizado. A pesquisa encontra fundamentos nos estudos socioculturais e dialógicos, liderados por Bakhtin (2003), e em estudos que associam linguagem e trabalho, tais como os de Clot (2010) e Bathia (1994). As centenas de gêneros levantados neste estudo e as adaptações demandadas por distintas realidades contextuais apontam para um trabalho de complexidade e volume desconhecidos pelos próprios profissionais, o que contribui para a desvalorização da profissão. O estudo também traz uma possibilidade de exercício de ensino e aprendizagem de gêneros profissionais orais, como um caminho para apropriação de modos de dizer essenciais ao métier docente e à sua valorização.
RESUMO Ao focalizar o métier do professor, verifica-se que, para concretizar o real da atividade, esse profissional usa e ensina a linguagem. Ocorre que, muitas vezes, ele pode encontrar dificuldade na execução de tarefas cotidianas por não ter se apropriado de gêneros do discurso inerentes a seu fazer. Imerso nas temáticas de linguagem e formação docente (Bakhtin, 2011; Rojo, 2015; Kleiman, 2008), este estudo busca inventariar os gêneros do discurso que constituem o trabalho do professor nos quatro níveis de ensino e refletir sobre a importância desses textos na concretização do fazer docente. A pesquisa se justifica pelo potencial que tem de contribuir para as discussões sobre os currículos de formação do professor, considerando a necessidade de se (re)conhecer o relevante papel desses gêneros do discurso em sua prática. A partir de um levantamento empírico, foi possível inventariar os gêneros utilizados no exercício da docência e organizá-los em quatro funções discursivas: atividade rotineira, comunicação interpessoal, planejamento e documentação.
Com o advento das tecnologias digitais da informação e comunição (TDICS) surgem novas possibilidades de fazer sentido como forma de resposta às demandas sociais que envolvem a utilização dos recursos tecnológicos no meio digital, e, assim, construir sentido a partir de textos multimodais e multissemióticos que mesclam palavras, elementos pictóricos, sonoros, imagens estáticas e em movimento, numa mesma superfície. Trata-se de criar um ambiente mais sintonizado com a modalidade comunicacional digital emergente. No entanto, embora inúmeros pesquisadores da área da Linguística e da Linguística Aplicada já estejam desenvolvendo pesquisas e defendam a utilização das TDICS e a promoção dos multiletramentos, o gênero ‘artigo científico’ não sofreu mudanças significativas haja vista que mesmo os textos escritos para o ambiente digital não se utilizam das inúmeras possibilidades que esse suporte oferece aos seus produtores. Assim, embora as TDICS nos ofereçam possibilidades de produção criativa de hipertextos interativos e, mais que isto, cooperativos, textos multimodais que possam levar o seu interlocutor para um cenário de navegação fluído e dinâmico, os periódicos de divulgação científica, já na segunda década do século XXI, têm se posicionado como ‘guardiões da tradição’ e requerem de seus colaboradores a produção de textos lineares mantendo sua estrutura inalterada.
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