Argumentamos que a ideia de “patrimônio cultural” está diretamente atrelada à consolidação das sociedades modernas, funcionando como um dispositivo fundamental para a cisão ontológica entre humanidade e natureza que caracteriza a modernidade. Considerando que esta cosmovisão nos conduziu à catastrófica época geológica do Antropoceno, propomos a adoção de um dispositivo substituto, o “patrimônio cosmológico”, que nos permita aprender com visões de mundo e experiências do tempo extramodernas sobre como compor coletivos de humanos e não-humanos a fim de resistirmos ao caráter destrutivo da modernidade. Por fim, descrevemos algumas das práticas do grupo percussivo Maracatu Muiraquitã, da cidade de Alfenas, MG, com o objetivo de demonstrar como é possível construir aprendizados significativos, por meio da observação experimental de composições cosmopolíticas extramodernas, que nos permitam construir futuros alternativos à reprodução do sistema produtivo moderno/ocidental/capitalista.
Palavras-chave: Patrimônio cosmológico. Maracatu de Baque Virado. Antropoceno.
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