RESUMO -É relatado um caso raro de tumor epidermóide intramedular, estendendo-se entre os níveis da segunda e quarta vértebras torácicas, em uma paciente de 15 anos do sexo feminino, tratado cirurgicamente com sucesso. São discutidos o quadro clínico e a etiopatogenia e é feita breve revisão da literatura. Os cistos epidermóides são a mais frequente das malformações 1 . No entanto, raramente ocorrem no sistema nervoso central. Sua incidência entre as maiores séries de tumores intracranianos primários é estimada entre 0,2 e 1,0 % 1,2 .Muitos desses tumores têm sido encontrados na cavidade craniana, diversos têm sido descritos comprimindo a medula ou a cauda eqüina, e poucos verdadeiramente dentro da substância da medula espinhal. Raros casos são descritos na literatura.Relatamos um caso de tumor epidermóide intramedular.
CASOUma adolescente de 15 anos foi admitida na Santa Casa de Belo Horizonte em junho de 2002 desde há oito meses foi notada pelos familiares hipotrofia no membro inferior esquerdo, Passou por avaliações médicas que foram inconclusivas. O quadro evoluiu de forma lenta e progressiva, chegando à hipotrofia dos membros inferiores e paraparesia predominantemente à esquerda, limitando a deambulação. No exame neurológico identificaram-se paraparesia espástica grau III (mais acentuada à esquerda), hiper-reflexia patelar com clônus inesgotável à esquerda, Babinski bilateral e hipotrofia de membros inferiores. Não havia distúrbios sensitivos ou esfincterianos.A ressonância magnética da coluna torácica revelou lesão expansiva intramedular, estendendo-se da segunda à quarta vértebra torácica, ovalar, bem delimitada, com sinal hipointenso em T1 e predominantemente hiperintenso em T2, com características de sinal semelhante às do líquor ( Fig.1). A paciente foi submetida a laminotomia da primeira à quinta vértebra torácica, com abertura longitudinal da dura-máter, que permitiu visualizar a lesão intraparenquimatosa perolada, após abertura do sulco mediano posterior. Foi realizada ressecção do tumor de aspecto céreo, amarelo esbranquiçado, bem diferenciado (Fig.2).O exame anatomopatológico mostrou tratar-se de cisto composto de epitélio escamoso, cubóide, estratificado simples, cujo centro continha restos de queratina e colesterol cristalino sólido, confirmando o diagnóstico de tumor epidermóide (Fig 3).No pós-operatório, a paciente evoluiu com sinais precoces de melhora do déficit motor, retornando à deambulação sem apoio, já nos primeiros dias. Apresentou, entretanto, drenagem liquórica pela ferida cirúrgica associada a processo infeccioso da mesma. Foi submetida a reexploração, com retirada da placa óssea da laminotomia e revisão da sutura da dura-máter. Recebeu tratamento com