O s anos 1980 têm sido caracterizados pela literatura sobre o ambientalismo como o marco do aparecimento de novas modalidades de militantismo na defesa de causas ambientais, as quais se distinguem, entre outros fatores, pela ruptura em relação às práticas militantes que predominavam no período anterior. Nesse sentido, uma das principais transformações que tem sido salientada é a tendência geral de institucionalização da ação associativa a fim de regularizar seu acesso aos espaços e processos formais de produção de políticas públi-cas, além de profissionalizar seus integrantes e suas atividades. Segundo esses estudos, a participação regular das associações ambientalistas em instâncias formais de proteção ambiental esteve associada ao recrutamento de militantes e dirigentes dotados de elevada formação técnica e científica e à utilização de competências de expertise adquiridas por meio da formação universitária, como um dos principais recursos militantes nas intervenções públicas de tais organizações, possibilitando a emergência de um novo campo de exercício profissional. Em relações às diferenças de abordagem, tanto a literatura nacional quanto a internacional (mais precisamente a européia e a norte-americana) convergem para esse tipo de caracterização do ambientalismo
Este artigo examina as condições e as dinâmicas de utilização de competências peritas na militância política. No que pese as diferenças de abordagens, um dos temas constantes tanto na literatura nacional quanto na internacional, diz respeito à importância crescente dos recursos escolares e da legitimidade perita no recrutamento e seleção para os postos de direção em organizações ambientalistas. Com base numa investigação sobre os principais dirigentes das mobilizações e organizações ambientalistas entre a década de 1970-2004, pretende-se evidenciar a hipótese de que a utilização dessas competências no exercício de funções dirigentes resulta de dinâmicas de diversificação do ensino superior e da maior articulação entre formação escolar e engajamento político, por meio da inserção em diversas redes de organizações e "movimentos sociais" no decorrer de seus itinerários familiares, escolares, políticos e profissionais. Os procedimentos metodológicos utilizados para dar conta disso, consistiram na realização de 50 entrevistas biográficas com dirigentes de diferentes tipos de associações ambientalistas, com vistas à apreensão dos itinerários que os conduziram ao engajamento político, dos significados atribuídos à formação profissional e dos tipos de recursos e de vínculos sociais que respaldam suas concepções e práticas militantes. As principais conclusões obtidas demonstram que, ao invés da imposição de um "militância perita", o característico da situação analisada é uma forte imbricação do exercício de funções peritas no ambientalismo com a inserção simultânea em múltiplas redes de organizações e "movimentos sociais" e a ocupação de postos em diferentes esferas sociais com base nos recursos e vinculações políticas acumuladas por meio de tais inserções.
Este artigo demonstra que o conceito de parentela constitui uma importante contribuição heurística, na medida em que nos permite apreender o papel central que desempenharam os laços sociais e o sistema de alianças nas dinâmicas de composição e de recomposição dos grupos dirigentes. Tal abordagem visa fornecer elementos para um deslocamento dos debates sobre a politização como consequência da separação e interferência entre ordens de atividades distintas e autônomas. Isto requer uma maior atenção à descrição das múltiplas formas de dominação e organização políticas e, principalmente, a ruptura com as clivagens e antagonismos entre as sociedades fundadas em pressupostos e ideologias eurocêntricas.
Nos últimos anos, diferentes espaços da produção intelectual brasileira realizaram balanços sistemáticos sobre o estado da arte das ciências sociais no país, num claro desafio autorreflexivo. São exemplos disso as coletâneas "O que ler na Ciência Social Brasileira", lançada em 1999 em três volumes sob a organização de Sérgio Miceli, e "Horizontes das Ciências Sociais no Brasil", lançada em 2010 também em três volumes sob a coordenação de Carlos Benedito Martins e Renato Lessa. Acrescentem-se a isso os esforços continuados da BIB-Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais-de produzir não só artigos sobre a produção bibliográfica a partir das mais variadas temáticas, como também a mais recente publicação, de 2017, "Sociologia Brasileira Hoje", organizada por Carlos Benedito Martins e Sérgio Miceli numa iniciativa da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), e por fim, em 2018, os dois volumes da Revista Brasileira de Sociologia (da SBS) dedicados ao tema da sociologia brasileira. Esse material oferece contribuições significativas para se compreender as temáticas priorizadas, as perspectivas teóricas valorizadas e os tratamentos metodológicos utilizados pelos cientistas sociais brasileiros. Além disso, ele ABSTRACT THEMATIC INNOVATIONS, THEORETICAL "TURN" AND INTELLECTUAL TRADITION IN BRAZIL This article analyzes the academic production of the Brazilian social sciences on the theme "elites". The aim is to analyze both the innovations and the problems and challenges that still persist in Brazilian production on the subject. First, we examine the main objects, theoretical problems and methodological advances of recent studies on elites in Brazil. Second, we try to understand the dynamics of access to the main production spaces of the social sciences in the country, regional concentrations and networks of researchers linked to the theme. These results evince the pertinence of a reflective research agenda on the subject: to take into account the conditions and characteristics in the making of elites in the Brazilian situation; and to reject the "dedutivistic" and "reifying" use of imported theories, concepts and methodologies.
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