Desenhar fronteiras entre espaço público e privado nas cidades urbanas contemporâneas se articula com reflexões sobre a ação de intervenção do Estado para regulação do uso comum do espaço frente aos interesses e demandas de uso privado de indivíduos, grupos sociais, e/ou corporações. Se a posse coletiva dos espaços remete aos domínios de ação de diversos agentes monitorados pelo Estado em função de seu poder de governabilidade (Foucault, 2012), a apropriação privada dos espaços tende a ser associada a figura do indivíduo e a esfera de suas ações. A proposta deste trabalho surge do diálogo entre duas pesquisas etnográficas: uma sobre a prática de deslocamento de carona na cidade de Florianópolis (SC, Brasil) e a outra sobre as práticas de formação e construção de habitação permaculturais em Porto Alegre e Pelotas (RS, Brasil). Nos interessa pensar como estas podem vir a borrar e desestabilizar fronteiras imaginadas/construídas entre o que é público e privado a partir de um olhar para as infraesutruturas (Star, 1999; Larkin, 2013).
O presente artigo faz uma análise sobre o ato de pagar a partir da discussão antropológica sobre infraestrutura. Mais especificamente, se apoia em ferramentas conceituais que apontam para a dimensão ordinária, banal e invisível com a qual as infraestruturas se revelam para as pessoas em suas interações. A reflexão enriquecida por um caso empírico em que este itinerário burocrático de consumo, pagar por algo, acontece de modo diferente: trata-se de um restaurante em que a refeição não tem um preço fixo, pré-estabelecido ou mesmo sugerido. O Aurora propõe o “sem preço” como uma prática “corresponsabilização e apoio mútuo” por entenderem o valor relativo do dinheiro em nossa sociedade. O efeito de contraste que tal experiência engaja permite aprofundar nossos comprometimentos naturalizados com as lógicas de funcionamento das infraestruturas.Beyond Price at Aurora. Reflection on politics, infrastructure and money in ordinary lifeAbstract: This article analyzes the act of paying from the anthropological perspective on infrastructure. More specifically, the argument relies on its conceptual tools that point out the ordinary, banal and invisible dimension in which infrastructures are revealed to people in their daily interactions. This reflexive exercise is enriched by an empirical case that this bureaucratic consumption itinerary, paying for something, is organized in a different way: a restaurant in which the meal does not have a fixed, pre-set or even suggested price. The Aurora proposes the “sem preço” (without price) as a practice of “co-responsibility and mutual support” based on the understanding that money has different values in our society for each person. The contrasting effect this experience engages allows us to deepen the understanding about our naturalized commitments to the logic of the functioning of infrastructures through the constant exchange between materiality and ideology in which we are always agents and subjects.Keywords: Infrastructure. Daily Life. Money, Consumption. Political Action.
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