Cada vez mais, vemos a arte urbana a ser utilizada como meio de regeneração urbana por parte das autarquias de várias cidades portuguesas, constatando-se, no entanto, que, por vezes, são desenvolvidos projetos de arte urbana com o simples intuito de “embelezar” a paisagem urbana, não tendo em consideração as comunidades que frequentam ou vivem nos espaços intervencionados. Este tipo de intervenção levanta uma série de questões acerca do papel da arte urbana enquanto forma de arte pública, desenvolvida em determinados territórios urbanos. Com frequência esta expressão tem sido empregue em territórios urbanos desqualificados e periféricos, do ponto de vista territorial e social. Neste sentido, cumpre funções que não são exclusivamente artísticas, mas também de índole comunitária e social, visando a requalificação territorial, simbólica e identitária de determinados bairros.
Com este artigo, pretendemos chamar a atenção para a importância da utilização de processos participativos no desenvolvimento de projetos de arte urbana a implementar no espaço público, incentivando o envolvimento das comunidades. Partindo da premissa de que no espaço público a mediação de arte deve ter uma importância acrescida, decidimos focar-nos num caso de estudo — o projeto Meu Bairro, Minha Rua — no qual a comunidade foi chamada a participar nas tomadas de decisão sobre um conjunto de micro-intervenções, realizadas no espaço público, em 10 locais de Vila Nova de Gaia.