A cobertura midiática dos dias nacional e internacional dos ciganos em Portugal e no Brasil: reflexões sobre a (in)visibilidade social

Abstract

Os diferentes grupos étnicos conhecidos como ciganos têm sido historicamente discriminados em diferentes países do mundo. Datas comemorativas, como os dias nacionais e internacionais, são, além de celebrações, também oportunidades para informar a população sobre questões sociais diversas e contribuir para o combate ao preconceito em relação a diferentes grupos minoritários. A cobertura midiática destas efemérides pode contribuir para aumentar a visibilidade social destes grupos, sobretudo se realizada de forma a incluir as vozes destes indivíduos. Tendo em vista essas considerações, este estudo objetivou analisar como se configurou a cobertura sobre os dias nacional e internacional dos ciganos em jornais brasileiros e portugueses em diferentes anos, sem delimitação de espaço temporal. Para tanto, foram analisadas 56 peças jornalísticas, a partir da Classificação Hierárquica Descendente (CHD), com o auxílio do software Iramuteq e a partir da Análise de Conteúdo Temático-Categorial, por meio da identificação de (sub)categorias temáticas que organizam o conteúdo do material. Além disso, foram analisadas algumas variáveis de interesse, como data de publicação das matérias, atores sociais ouvidos como fontes, uso de imagens, dentre outras. Os resultados permitiram identificar conjuntos temáticos que sublinham o processo histórico de discriminação sofrido pelos ciganos, bem como a existência de diferentes estratégias já implementadas ou ainda por se construir para garantir a integração destes grupos. Ainda que os ciganos tenham sido convidados a falar nas matérias analisadas, os atores sociais mais ouvidos foram os representantes de órgãos relacionados ao governo. O estudo evidenciou a invisibilidade que tais marcos relativos aos ciganos ainda possuem em ambos os países, sobretudo no Brasil. A frequência e a forma como essas datas são noticiadas na mídia jornalística estão em constante transformação e podem auxiliar na defesa dos direitos de diferentes grupos minoritários, contribuindo para a construção de sociedades mais inclusivas.